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Incerteza atropela ajuste fiscal venezuelano

Dúvidas provocadas pela doença de Hugo Chávez fazem governo paralisar as mudanças que havia programado

País prevê aceleração do crescimento em 2013, mas analistas acham que ocorrerá redução do ritmo

Leo Ramirez/AFP
O vice-presidente Nicolás Maduro abraça Diosdado Cabello, reeleito ontem presidente da Assembleia Nacional do país
O vice-presidente Nicolás Maduro abraça Diosdado Cabello, reeleito ontem presidente da Assembleia Nacional do país
FLÁVIA MARREIRO ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

A incerteza política na Venezuela devido à saúde de Hugo Chávez também se reflete no plano econômico.

Após um ano de crescimento vigoroso, 2013 começa com falta de dólares no mercado para importações e expectativa de desaceleração econômica, de acordo com a maioria dos analistas.

Após crescer 5,5% em 2012 (dados preliminares), o governo porá como meta no Orçamento crescer 6%.

A Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), em seu boletim de dezembro, previa crescimento de apenas 2%.

A maioria das consultorias privadas era até mais pessimista, entre 0 e 2%.

Tudo porque a expectativa era que o governo, depois de um ano eleitoral de enorme gasto público, fizesse uma nova desvalorização da moeda e um ajuste fiscal.

Com a perspectiva de que haja eleição de novo neste ano -se Hugo Chávez, convalescente em Cuba, deixar o poder definitivamente haverá nova votação presidencial-, a maioria suspendeu as previsões anteriores.

"Com essa incerteza, a perspectiva de eleições vai depender de quanto o governo venezuelano decida gastar e que tipo de desvalorização decida fazer", diz Daniel Kerner, da consultoria de risco Eurasia Group.

A Venezuela tem dois tipos de câmbio: um geral, fixado em 4,3 bolívares fortes por dólar; e um especial para alguns tipos de importação, em torno de 5 bolívares fortes.

Há, no entanto, escassez da divisa americana. No mercado negro, para onde correm, em último caso, alguns importadores que não conseguem a divisa pelo câmbio oficial, um dólar vale até 18 bolívares fortes.

Para oxigenar esse mercado, o governo poderia liberar mais dinheiro para ser distribuído pelo câmbio oficial ou mexer apenas na taxa específica para importados, aumentando a lista de produtos que entram no país adquiridos com dólar mais caro.

Dado o panorama, os analistas políticos dizem que, pela lógica, o mais conveniente para o governo seria realizar novas eleições no curto prazo, antes de eventuais ajustes e da desaceleração.

DESASTRE ADIADO

O governo tem alguma margem de manobra. Com o barril de petróleo, responsável por 90% das divisas do país, a mais de US$ 100 e com capacidade de endividamento, especialmente na moeda nacional, a situação pode ser prolongada por até seis meses, estima Kerner.

Outros apontam, porém, a queda na produção petrolífera e as dificuldades de refino após a explosão de uma refinaria no ano passado como obstáculos.

Já para o economista Mark Weisbrot, do progressista Centro de Pesquisa Econômica e Política, de Washington, não há motivo para esperar desaceleração nem desvalorização.

"A imprensa de negócios vem prevendo o desastre da economia da Venezuela há mais de uma década, mas isso nunca aconteceu", ironiza ele, lembrando que o país voltou a crescer mais e conseguiu reduzir a inflação.

A queda da inflação de 27,6% para 19% foi um dos pontos comemorados pelo governo.

A redução foi conseguida graças ao mais rígido controle de preços de produtos básicos -elogiado nas ruas e atacado como "insustentável" pelos economistas.

"Já imaginou se tirassem? Cada um venderia tudo pelo preço que lhe desse na telha", diz a microempresária Virgília Ribero, eleitora de Chávez.


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