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Ação no Mali cresce, e França eleva alerta
Porta-voz de grupo islâmico ligado à rede Al Qaeda promete ataques contra país europeu, que lidera ofensiva
Intervenção armada começou na sexta com o objetivo de evitar que radicais derrubem o governo do país africano
Joe Penney/Reuters | ||
Soldados franceses participam de treinamento em hangar na base aérea de Bamaco, capital do Mali, onde país intervém |
Apesar dos quatro dias de bombardeio francês contra militantes islâmicos no Mali, os rebeldes tomaram ontem a cidade central de Diabaly, rumando para a capital Bamaco, e avisaram a França de que o país é "uma armadilha muito pior do que Iraque, Afeganistão ou Somália".
Iniciada na sexta-feira, a intervenção militar tenta derrotar um grupo islâmico que tem ligações com a Al Qaeda e ameaça tomar o controle do país do oeste africano, ex-colônia francesa.
A ação liderada pelos franceses e com autorização do Conselho de Segurança da ONU recebe apoio logístico e de inteligência de países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Alemanha. Países africanos devem contribuir com tropas.
A formação de uma força militar internacional provocou reação dos líderes radicais. "A França abriu as portas do inferno para todos os franceses", disse um porta-voz dos militantes islâmicos.
A ameaça levou os franceses a aumentarem o nível de alerta contra ataques terroristas. Ainda é recente a lembrança de ataques a bomba perpetrados por argelinos no metrô de Paris nos anos 90.
Ao lado de Iêmen e Somália, o Mali é um dos países em que a Al Qaeda hoje tem maior atuação.
GOLPE
A intervenção francesa deverá contar com 2.500 homens, além de caças e helicópteros. O Reino Unido tem ajudado no transporte, e Alemanha e Canadá prometem prestar suporte logístico.
Os EUA se prontificaram a dividir informações de inteligência com a França e cogitam enviar drones (aviões não tripulados) para a vigilância.
Nações africanas como Burkina Fasso e Níger também devem enviar tropas. Está prevista para hoje uma reunião de países africanos, chefiados pela Nigéria. Ministros europeus devem discutir o assunto nesta quinta-feira.
O Mali enfrenta a insurgência islamita em seu norte há um ano, quando chegaram à região soldados até então engajados no conflito líbio. Em seguida, após um golpe de Estado, militantes se aproveitaram de um vácuo de poder e se instalaram no território.
A insurgência consiste de uma aliança entre islamitas da Al Qaeda e grupos militantes como o Ansar al Din ("defensores da fé", em árabe).
A ONU havia aprovado, em dezembro, uma intervenção estrangeira, mas sob condições como o treinamento do Exército do Mali. Mas a França apressou sua ação diante dos sinais de que militantes rumavam à capital Bamaco -da qual estavam, até a conclusão desta edição, a 400 km.
Ontem, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se disse "satisfeito" que os Estados membros tenham respondido à solicitação de ajuda feita pelo governo do Mali para frear os "grupos terroristas".
Segundo a ONU, cerca de 30 mil pessoas foram deslocadas no país só na última semana.