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Rebeldes punem toque de celular 'não islâmico'

ADAM NOSSITER DO “NEW YORK TIMES”, EM BAMACO

Moctar Toure foi amarrado a uma cadeira, vendado e teve a mão direita atada ao braço da cadeira com um tubo de borracha.

Um médico lhe deu uma injeção. Então, com uma faca do tipo usado para abater ovelhas, seu próprio irmão aplicou a sentença.

"Eu mesmo decepei a mão de meu irmão", contou Aliou Toure, chefe de polícia no norte do Mali. A região é controlada por forças islâmicas. "Não tivemos outra escolha senão praticar a justiça de Deus."

Essa aplicação intransigente da "sharia" -os acusados de ser ladrões às vezes têm seus pés amputados também- já havia ocorrido pelo menos 14 vezes desde que os islâmicos tomaram conta da região.

Mas esses são apenas os casos conhecidos, e dezenas de outros malineses já foram açoitados com galhos de árvores ou chicotes feitos de pelo de camelo por delitos como fumar ou ouvir música no rádio.

Um toque de celular que não seja um verso do Corão é proibido. A pessoa pode ser castigada com açoitamento.

A punição mais grave de todas -a morte por apedrejamento- já foi aplicada pelo menos uma vez. Foi na cidade de Aguelhok, em julho, e as vítimas foram uma mulher e um homem acusados de terem filho sem serem casados.

Os julgamentos muitas vezes são rudimentares. A sentença é pronunciada por uma dúzia de juízes sentados em círculo sobre esteiras no chão.

As audiências, o julgamento e o anúncio da sentença geralmente são feitos rapidamente, no mesmo dia.

Os jihadistas estão tentando vender o prédio do tribunal criminal em Gao, porque não o utilizam. Em Timbuktu, os processos judiciais são realizados num quarto de um antigo hotel.

Muitas das vítimas de amputação agora chegaram a Bamaco. A capital tornou-se um refúgio para as pessoas que fogem das condições hostis no norte.

Tradução de CLARA ALLAIN


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