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Ceticismo enfraquece voto árabe em Israel

Abstenção na eleição de terça deve ser alta no grupo, que perfaz 20% do país

Frustração da minoria com desempenho de sua bancada no Parlamento e divisões internas desestimulam árabes

MARCELO NINIO ENVIADO ESPECIAL A UM EL FAHM (ISRAEL)

A profusão de bandeiras e cartazes políticos que dominam as ladeiras íngremes de Um el Fahm, uma das maiores cidades árabes de Israel, dá a falsa impressão de uma grande mobilização em torno da eleição israelense.

A principal luta dos partidos árabes, entretanto, não é conquistar votos, mas convencer os eleitores a sair de casa no dia da votação, marcada para a próxima terça.

O esforço para inverter o declínio no comparecimento da comunidade árabe observado nos últimos anos é motivado pela antiga ambição de traduzir em força política o potencial eleitoral de 20% da população israelense.

O índice de votação entre cidadãos árabes caiu de 75% em 1999 para 53% nas últimas eleições, em 2009. A frustração com a desigualdade em relação à maioria judia e o descrédito dos partidos árabes explicam o desinteresse.

Segundo o último censo, há 1,6 milhão de árabes no país, equivalente a 20,6% da população. A proporção não se reflete no Knesset (Parlamento), onde os árabes têm apenas 11 deputados, ou menos de 10% das 120 cadeiras.

Árabes israelenses são os que ficaram dentro das fronteiras do Estado judeu após sua fundação, em 1948.

Seis décadas depois, a incapacidade de resolver diferenças ideológicas e pessoais para formar uma legenda única mantém os partidos árabes como um bloco irrelevante, à margem da política em Israel.

Para o xeque Ibrahim Sarsur, um dos deputados árabes, o aumento de 15% no comparecimento bastaria para que a bancada passasse a fazer diferença, a ponto de evitar a reeleição da direita do premiê Binyamin Netanyahu.

"Se a bancada árabe crescer, podemos criar um bloco com a centro-esquerda israelense e impedir um governo radical", diz Sarsur, do partido Raam Taal (Lista Árabe Unida), uma das três legendas árabes no Parlamento.

Não é o que preveem analistas. Autor de um estudo sobre o voto árabe em Israel, o cientista político Asad Ghanem, da Universidade de Haifa, acredita que, mais uma vez, metade dos eleitores árabes ficará longe das urnas.

A ambição de ajudar a criar uma barreira parlamentar para impedir a reeleição parece distante, mas não impossível.

BALANÇA

As últimas pesquisas, divulgadas nesta semana, confirmam a vantagem do bloco de Netanyahu, mas indicam que ela encolheu. Numa disputa apertada, o voto árabe poderia ser o fiel da balança.

Apesar do ressentimento geral em relação a Israel, só 9% dos eleitores árabes boicotarão as eleições por motivos ideológicos, mostra uma das pesquisas do estudo realizado por Ghanem. A maioria alega não ter em quem votar.

"A ausência é um voto de protesto não só contra Israel, mas também contra os partidos árabes", diz Ghanem.

Para que votar, perguntam-se muitos, se esses partidos nada fizeram para diminuir o fosso socioeconômico entre árabes e judeus ou barrar leis antiárabes no Parlamento?

O dilema divide famílias. Sócio do pai em uma lavanderia de Um el Fahm, Nidal Jasmawi diz que nunca votou porque não acha que o Parlamento faça diferença. "Quem manda é o governo e ele sempre privilegia os judeus."

O pai, Mahmoud, discorda. "Precisamos fortalecer os partidos árabes, eles são a esperança de diminuir a desigualdade e a discriminação."

A renda média dos árabes é 40% menor que a dos judeus, segundo a organização Adalah. O desemprego entre árabes é duas vezes maior que a taxa nacional, de 11%.

A pesquisa de Ghanem mostra a falta de sintonia entre partidos e eleitores: só 8% dos entrevistados consideram prioridade o conflito entre Israel e os palestinos -foco dos três grandes partidos árabes.


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