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Obama pode ter pior 2º mandato em anos

Reeleito em novembro, presidente norte-americano começa segundo período enfrentando polarização política

Para democrata, maior chance de fazer avançar a sua agenda está na reforma da legislação sobre a imigração

ANDREA MURTA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE WASHINGTON

Muito pouco da Washington invernal e vazia desta véspera da segunda posse de Barack Obama, oficializada amanhã, lembra a cidade que assistiu em ebulição à posse do presidente em 2009 -um prelúdio do que pode ser o segundo mandato mais difícil para um líder dos EUA em décadas.

Ainda que a vitória nas urnas em 2012 tenha sido maior que a esperada -Obama foi o primeiro presidente em mais de 50 anos a obter mais de 51% do voto popular duas vezes-, a Casa Branca continua enfrentando extrema polarização política, divisão do Congresso, onde a ala radical republicana comanda a Câmara, economia tépida e uma lista de batalhas por iniciar.

Analistas divergem quanto a um tom mais ou menos catastrófico para os próximos quatro anos, mas praticamente todos concordam que Obama só deverá aprovar medidas diluídas, à exceção talvez da reforma migratória.

"A Casa Branca pode esperar a mesma intransigência da oposição vista no primeiro mandato", afirmou à Folha Barak Hoffman, diretor do Centro para Democracia e Sociedade Civil da Universidade Georgetown.

Se os republicanos não ficaram mais conciliadores, o Obama que não precisa mais correr atrás de votos sinaliza atuação bem mais agressiva.

Desde novembro, já mostrou isso em algumas ocasiões: defendendo veto a certos tipos de armas e munição, indicando que vai acelerar a retirada do Afeganistão e insistindo no nome do ex-senador republicano Chuck Hagel para a Defesa, apesar da oposição dos neoconservadores.

Institucionalmente, porém, a oposição ainda tem os votos para barrar iniciativas.

"A expectativa é de crise em cima de crise", disse à Folha um assessor republicano sênior do Senado, que pediu anonimato. "Não há nenhuma convergência entre prioridades dos dois partidos."

Com isso, a disputa por mudanças no Orçamento deve definir o legado do segundo mandato. Democratas querem elevar impostos, e republicanos, cortar os gastos sociais. Após ceder no primeiro mandato, o presidente quer tentar aumentar a tributação, mas vai precisar de habilidades na negociação que ainda não mostrou possuir.

"É possível que ele reduza o investimento social no longo prazo, já que é indiscutível que a maior causa do deficit são gastos com saúde pública", disse à Folha Alexander Keyssar, analista político da Universidade Harvard.

Outra disputa ligada ao Orçamento é a do teto da dívida pública, definido pelo Congresso (US$ 16,4 trilhões hoje). A toda hora batendo no limite, a Casa Branca trava batalha com os republicanos sempre que pede extensão.

Enquanto isso, a economia segue a passo lento. Obama parece pouco disposto a elevar gastos públicos, o que para democratas aceleraria a recuperação. O desemprego é de 7,8%, e o PIB deve crescer pouco mais de 2% em 2013.

CAMINHO ABERTO

A maior chance de o presidente fazer avançar sua agenda está na reforma migratória. Há bem menos resistência à questão depois da eleição de 2012, quando os republicanos obtiveram péssimos resultados no crescente eleitorado latino, e Obama quer aproveitar o momento para criar um caminho para a cidadania para parte dos 11 milhões de indocumentados.

Quanto ao controle de armas, nem o presidente está confiante de que medidas robustas serão aprovadas.

Na política externa, os resultados devem ser mistos. O risco de o Afeganistão voltar às mãos do Taleban antes do fim do novo mandato é alto. O Irã, apesar de pouca chance de guerra aberta, promete ser uma pedra no sapato.

A reforma financeira e a política ambiental parecem ter ficado em segundo plano.

Esse é, aliás, o mesmo destino das celebrações da posse. Jennifer Pera, democrata que vendeu seu ingresso para um dos bailes do final de semana, achou que a quantia de US$ 150 era alta para pouca festa. "O clima é muito diferente de 2009."

São esperadas até 800 mil pessoas na festa da posse, amanhã. Quatro anos atrás, o número foi de 1,8 milhão.


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