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Magnata dá mais força à direita israelense

O ultranacionalista Naftali Bennett, que fez fortuna com a internet, tem discurso de rejeição a Estado palestino

Líder ganha terreno entre eleitores fora de seu círculo ideológico ao enfatizar temas econômicos e sociais

MARCELO NINIO DE JERUSALÉM

Numa noite fria em Jerusalém há poucos dias, uma plateia ansiosa lotou a principal sinagoga da cidade para um debate entre candidatos à eleição parlamentar israelense de amanhã.

A maioria, porém, foi atraída pela presença de um deles: Naftali Bennett, 38, magnata da internet e líder do partido ultranacionalista Bait Yehudi (Lar Judaico).

Com um discurso de total rejeição à criação de um Estado palestino e a imagem de modernidade turbinada por seu sucesso nos negócios, Bennet virou a grande sensação da campanha como a nova face da direita.

Segundo as pesquisas, o Bait Yehudi será um dos três maiores partidos no próximo Parlamento, um triunfo sem precedentes para o movimento de colônias judaicas nos territórios palestinos.

A ascensão do partido de Bennett acentua a guinada da política israelense para a direita na última década.

Diante da estagnação do processo de paz com os palestinos, a maioria do público perdeu a esperança e o interesse numa solução para o conflito. A esquerda, tradicional defensora de um acordo com os palestinos, virou uma minoria insignificante.

Bennett tem explorado a resignação geral com o status quo e a desconfiança em relação aos palestinos para conquistar votos da direita moderada e até do centro.

"O conflito não é a prioridade", disse Bennett em Jerusalém, sob aplausos. "Temos que nos concentrar em temas sociais e no desenvolvimento do país."

O pragmatismo tem fortes raízes ideológicas. "Por trás do partido de Bennett estão alguns dos rabinos mais reacionários dos assentamentos", diz Amnon Abramovich, analista do Canal 2.

Ex-líder do conselho de assentamentos judaicos na área ocupada por Israel em 1967, Bennett não perde nenhuma chance de defender o direito histórico dos judeus a todo o território, do mar Mediterrâneo ao rio Jordão.

Uma de suas propostas é anexar 62% da Cisjordânia, impossibilitando o Estado palestino reconhecido pela ONU no fim do ano passado.

Ao mesmo tempo, Bennett ganha terreno entre eleitores fora de seu círculo ideológico ao dar ênfase a temas sociais e econômicos, que estão em destaque desde os protestos de "indignados" israelenses no ano passado.

A fórmula de mesclar passado judaico com futuro sionista funcionou sobretudo entre os jovens que votarão pela primeira vez. O partido liderado por um ex-empresário de software investiu pesado nas redes sociais para divulgar sua campanha.

SONHO ISRAELENSE

Filho de judeus norte-americanos que se mudaram para Israel logo após a Guerra dos Seis Dias (1967), Bennett encarna muitos aspectos do "sonho israelense", o que explica parte de seu sucesso.

Após o serviço militar na mítica Sayeret Matkal, a principal unidade de elite do Exército israelense, Bennett criou uma empresa de software e ficou milionário aos 33 anos ao vendê-la por US$ 145 milhões (R$ 209 milhões).

Para Rafi Smith, um dos principais especialistas em pesquisas de opinião de Israel, a ascensão de Bennett se deve à história pessoal de sucesso, à juventude e também ao patriotismo.

"Bennett não é um fenômeno passageiro, mas produto de uma sociedade cada vez mais direitista e da mentalidade de bunker que predomina em Israel", diz Smith.

Poderia ser uma boa notícia para o premiê direitista Binyamin Netanyahu, cuja reeleição está praticamente assegurada. Mas virou um pesadelo e gerou uma guerra fratricida na direita israelense. Além de subtrair votos do partido governista, o Bait Yehudi seria um aliado incômodo.

Um gabinete com ministros que rejeitam o Estado palestino aumentaria a pressão internacional contra Israel. Para evitar isso, especulam analistas, Netanyahu poderá deixar Bennett de fora e tentar atrair partidos de centro.


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