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Posse nos EUA

'Vamos responder às mudanças climáticas'

Em discurso de posse, Barack Obama prometeu "novas respostas para novos desafios"; leia trechos abaixo

Vice-presidente Biden, senhor presidente da Suprema Corte, membros do Congresso dos EUA, distintos convidados e concidadãos:

Cada vez que nos reunimos para dar posse a um presidente, damos testemunho da força duradoura de nossa Constituição. Afirmamos a promessa de nossa democracia. Recordamos que aquilo que une esta nação não é dado pelas cores de nossas peles, os dogmas de nossa fé ou as origens de nossos nomes. O que nos torna excepcionais -o que nos faz americanos- é nossa fidelidade a uma ideia articulada numa declaração feita mais de dois séculos atrás:

"Consideramos que estas verdades são manifestas: que todos os homens são criados iguais, que eles são dotados por seu criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade."

Hoje levamos adiante uma jornada sem fim para lançar uma ponte entre o significado daquelas palavras e as realidades de nosso tempo. Pois a história nos diz que, embora essas verdades possam ser manifestas, elas nunca se concretizaram sozinhas; que, embora a liberdade seja uma dádiva de Deus, ela deve ser assegurada pelo povo de Deus aqui na Terra. Os patriotas de 1776 não lutaram para substituir a tirania de um rei pelos privilégios de poucos ou pelo governo de uma turba. Eles nos deram a República, um governo do povo, pelo povo e para o povo, encarregando cada geração de zelar por nosso credo de fundação.

Há mais de 200 anos, nós o temos feito (...)

Economia

Esta geração de americanos foi testada por crises que fortaleceram nossa determinação e comprovaram nossa resiliência. Uma década de guerra agora está chegando ao fim. Uma recuperação econômica começou. (A taxa de desemprego, que já esteve acima de 8%, foi de 7,8% em dezembro; PIB deve ter crescimento de 2% neste ano).

As possibilidades da América são infinitas, pois nós possuímos todas as qualidades que este mundo sem fronteiras requer: juventude e garra; diversidade e abertura; capacidade ilimitada de encarar riscos, e um dom de reinvenção. Meus concidadãos americanos, fomos feitos para este momento e vamos fazer bom uso dele -desde que o façamos juntos.

Pois nós, o povo, compreendemos que nosso país não pode dar certo quando alguns poucos, que são cada vez menos, se saem muito bem enquanto muitos, que são cada vez mais, mal conseguem sobreviver. Acreditamos que a prosperidade da América deve se apoiar sobre os ombros largos de uma classe média ascendente. (Com a lei que evitou o chamado abismo fiscal, cerca de 98% dos contribuintes, nas contas da Casa Branca, ficaram fora do aumento de impostos no início do ano). Sabemos que a América cresce e se sai bem quando cada pessoa pode encontrar independência e orgulho em seu trabalho; quando os salários recebidos pelo trabalho justo libertam as famílias da quase pobreza. Somos fiéis a nosso credo quando uma menininha que nasce na pobreza mais áspera sabe que tem as mesmas chances de dar certo na vida quanto qualquer outra pessoa, porque ela é americana, é livre e é igual, não apenas aos olhos de Deus, mas também perante nossos olhos (...)

Saúde

Nós, o povo, ainda acreditamos que cada cidadão merece uma medida básica de segurança e dignidade. Precisamos fazer as escolhas difíceis para reduzir o custo da saúde e as dimensões de nosso deficit. Mas rejeitamos a ideia de que a América deva optar entre cuidar da geração que construiu este país e investir na geração que vai construir seu futuro. Pois nos lembramos das lições de nosso passado, quando os anos da velhice eram passados na pobreza e quando os pais de uma criança com deficiência não tinham onde buscar ajuda. Não acreditamos que neste país a liberdade seja reservada para os que têm sorte ou que a felicidade seja reservada para poucos. Reconhecemos que, não importa quão responsavelmente vivamos nossas vidas, qualquer um de nós, a qualquer momento, pode enfrentar a perda de um emprego, uma doença repentina ou a perda de sua casa, destruída numa tempestade terrível. Os compromissos que assumimos uns com os outros -através do Medicare, do Medicaid e da Previdência Social ( Em junho do ano passado, a Suprema Corte considerou constitucional a reforma da saúde aprovada na primeira gestão do governo Obama, o Obamacare (plano de saúde para os pobres e regulação de empresas do setor))-, estas coisas não enfraquecem nossa iniciativa: elas nos fortalecem. Elas não nos convertem numa nação de tomadores -nos libertam para assumir os riscos que fazem este país ser grande.

Ambiente

Nós, o povo, ainda acreditamos que nossas obrigações, como americanos, não são apenas conosco, mas com toda a posteridade. Vamos responder à ameaça das mudanças climáticas, cientes de que deixar de fazê-lo seria trair nossos filhos e as gerações futuras. Alguns podem negar o parecer dominante da ciência, mas ninguém pode evitar o impacto devastador de incêndios descontrolados, secas devastadoras e tempestades mais poderosas. ( Uma menção velada à tempestade Sandy, que atingiu a Costa Leste dos EUA em outubro; houve mortes em Nova York e a campanha eleitoral foi suspensa). O caminho em direção a fontes de energia sustentáveis será longo e às vezes difícil. Mas a América não pode resistir a essa transição -precisamos liderá-la. Não podemos ceder a outros países a tecnologia que vai alimentar novos empregos e novas indústrias -precisamos reivindicar sua promessa. É assim que vamos conservar nossa vitalidade econômica e nosso tesouro nacional: nossas florestas e nossos rios, lagos e mares, nossas terras agrícolas e nosso picos nevados. É assim que vamos preservar nosso planeta, entregue por Deus aos nossos cuidados. É isso o que vai conferir sentido ao credo que os fundadores de nossos país declararam no passado (...)

Vamos defender nosso povo e nossos valores pela força das armas e da lei. Vamos demonstrar a coragem necessária para tentar solucionar pacificamente nossas diferenças com outros países ( Os israelenses, que vão às urnas hoje, pressionam os EUA a decretar uma intervenção militar no Irã, que estaria desenvolvendo um artefato nuclear; Obama tem optado pela via diplomática) -não porque sejamos ingênuos em relação aos perigos que enfrentamos, mas porque o engajamento com outros países poderá acabar com as desconfianças e o medo de modo mais duradouro. A América continuará a ser âncora de alianças fortes em cada canto do planeta; e vamos renovar as instituições que ampliam nossa capacidade de lidar com crises no exterior, pois ninguém tem maior interesse num mundo pacífico do que a nação mais poderosa do mundo. Vamos apoiar a democracia da Ásia à África e das Américas ao Oriente Médio, porque nossos interesses e nossa consciência nos obrigam a agir em prol daqueles que anseiam pela liberdade (...)

Direitos civis

Nós, o povo, declaramos hoje que a mais evidente das verdades -que somos todos criados iguais- é a estrela que ainda nos guia; assim como guiou nossos antepassados em Seneca Falls, Selma e Stonewall; ( Em Seneca Falls, em 1848, houve uma célebre convenção para tratar dos direitos das mulheres; Selma foi o palco de um dos mais sangrentos conflitos na luta pelos direitos civis, em 1965; Stonewall é uma referência aos enfrentamentos em Greenwich Village entre a polícia e a comunidade gay, que protestava contra maus-tratos, em 1969) assim como guiou todos aqueles homens e mulheres, aclamados e anônimos, que deixaram seus rastros neste grande parque, para ouvir um pregador dizer que não podemos caminhar sozinhos; para ouvir um King proclamar que nossa liberdade individual está inextricavelmente vinculada à liberdade de cada alma na Terra.

Cabe a nossa geração, agora, levar adiante o que aqueles pioneiros começaram. Pois nossa jornada não estará completa enquanto nossas mulheres, mães e filhas não puderem ganhar a vida segundo seus esforços. Nossa jornada não estará completa enquanto nossos irmãos e irmãs gays não forem tratados como todas as outras pessoas perante a lei -pois, se somos verdadeiramente criados iguais, então com certeza o amor que dedicamos uns aos outros também deve ser igual (...)

Imigração

Nossa jornada não estará completa enquanto não encontrarmos uma maneira melhor de receber os imigrantes ( A partir de 4 de março, iniciativa do governo Obama permitirá que imigrantes ilegais com parentes americanos próximos possam pedir visto definitivo de permanência sem deixar o território americano) jovens e esforçados que ainda enxergam a América como terra de oportunidades; enquanto estudantes e engenheiros jovens e inteligentes não forem recrutados para nossa força de trabalho, ao invés de serem expulsos de nosso país. Nossa jornada só estará completa quando todos nossos filhos, desde as ruas de Detroit até as montanhas da Apaláchia e as ruelas silenciosas de Newtown, ( Referência ao ataque de um atirador que matou 26 pessoas, incluindo 20 crianças, em uma escola de Newtown) souberem que são cuidados, amados e que serão sempre protegidos contra perigos (...)

Mas as palavras que eu proferi hoje não são muito diferentes do juramento prestado a cada vez que um soldado se alista para prestar serviço ativo ou que uma imigrante concretiza seu sonho. Meu juramento não é tão diferente do juramento que todos nós fazemos à bandeira que tremula ao alto e enche nossos corações de orgulho (...)

Que cada um de nós agora abrace, como dever solene e com alegria respeitosa, aquilo que é nosso direito inato e duradouro. Com esforço comum e determinação comum, com paixão e dedicação, vamos atender ao chamado da história e carregar aquela luz preciosa da liberdade em direção ao futuro incerto.

Obrigado, Deus os abençoe, e que Ele abençoe para sempre estes Estados Unidos da América.


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