Folha de S.Paulo

Legalização de imigrantes avança nos EUA

LUCIANA COELHO DE WASHINGTON

Os EUA deram ontem o primeiro passo para reformar seu sistema de imigração com a apresentação de projeto no Senado que abre caminho para dar cidadania a parte dos estimados 11 milhões de estrangeiros irregulares no país.

O plano, bipartidário, prevê ainda maior patrulhamento das fronteiras, maior controle sobre entradas e saídas de estrangeiros e vigilância contra quem tenta trabalhar -e contratar- ilegalmente nos EUA, propondo punições.

Com a maior participação dos latinos no eleitorado americano, o voto do grupo é cortejado por políticos dos dois lados do espectro.

Hoje, o presidente Barack Obama apresenta, em Las Vegas, sua proposta de reforma, anunciada como prioridade do segundo mandato.

Pelo plano do Senado, os imigrantes terão de solicitar o "green card" (residência permanente) e esperar no fim da fila, com impostos em dia e antecedentes checados, "até que todos os demais solicitantes sejam atendidos". Depois disso, seriam candidatos à cidadania.

Mas o projeto abre trilhos distintos para três categorias: imigrantes trazidos irregularmente na infância; pós-graduados em ciência, engenharia, tecnologia e matemática; e trabalhadores rurais.

Cria também um arcabouço legal para "trabalhadores convidados", que poderiam permanecer nos EUA mediante uma oferta de trabalho para funções de baixa qualificação evitadas por americanos.

Faltam, porém, detalhes cruciais ao plano, que será debatido em plenária e precisa ser votado, conciliado com a Câmara e sancionado por Obama antes de virar lei: ele não cita números nem prazo.

A repercussão ontem foi positiva, com elogios do presidente da Câmara, o republicano John Boehner, e da Casa Branca. Associações comerciais e mesmo grupos conservadores também emitiram notas elogiosas.

Uma pesquisa conduzida com 1.008 americanos e apresentada ontem pela TV Fox News, conservadora, indica que 66% são a favor do processo de legalização.