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Imigrante ajudará economia, diz Obama
Presidente dos EUA pede urgência na reforma imigratória para tirar "11 milhões de homens e mulheres" das sombras
Democrata desvincula regularização de ilegais do reforço da segurança nas fronteiras, durante discurso em Las Vegas
Com um discurso de apelo emocional no qual evocou a origem da maioria dos americanos, o presidente Barack Obama pediu ontem urgência na reforma do sistema imigratório dos EUA e enfatizou que as mudanças são necessárias à economia do país.
O democrata também elogiou a proposta feita na véspera por senadores dos dois partidos, a qual deixou o presidente na insólita situação de ver um tema prioritário de sua agenda absorvido pela oposição republicana, que tenta recuperar terreno entre o cobiçado eleitorado latino.
Mas cobrou rapidez do Congresso, prometendo pressionar por seu projeto caso o Legislativo apresente um.
"A hora é agora", declarou Obama, cinco vezes seguidas, à plateia em uma escola de Las Vegas, no Estado fronteiriço de Nevada (27% de população de origem latina).
"Temos 11 milhões de homens e mulheres vivendo nas sombras. Eles quebraram as regras (...). Mas muitos estão aqui há anos, contribuem para para a sociedade, cuidam de suas famílias e tentam ganhar a vida honestamente", disse o presidente.
"Quando trabalham horas extras, muitas vezes o fazem à sombra. Isso é ruim não só para eles, mas para a nossa economia [...]. Os salários e as condições de trabalho dos americanos estão em risco também", prosseguiu Obama, afirmando que a reforma "ajudaria a classe média".
O longo discurso, porém, evitou detalhes e mal se diferenciou da proposta feita por oito senadores republicanos e democratas ou de um plano de Obama de 2011.
Ele organizou seu projeto em três pontos, unindo em um item a vigilância e a segurança enfatizadas pelos senadores: patrulhamento inteligente; caminho para a cidadania e modernização do sistema, visando atrair para o país "as pessoas mais brilhantes do mundo".
Diferentemente dos senadores, porém, o presidente não atendeu à reivindicação republicana de condicionar a possibilidade de legalização dos imigrantes ao reforço da segurança na fronteira.
Os dois lados concordam sobre a criação de um banco de dados e o estabelecimento de penas que inibam a contratação de ilegais, mas as medidas de segurança ainda precisam ser detalhadas, e esperá-las atrasaria o início da solicitação de cidadania.
Obama disse que será um caminho "duro, mas justo", exigindo do imigrante impostos em dia, ausência de antecedentes criminais, pagamento de multa e domínio da língua inglesa.
Estrangeiros que tenham pós-graduação em ciências ou tecnologia nos EUA, empreendedores que encontrem patrocínio de empresas locais e imigrantes trazidos na infância teriam, porém, um processo acelerado -nos dois primeiros casos, para dar impulso à inovação no país.