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Após 'mensalão', milhares pedem demissão de governante espanhol

Denúncia foi publicada pelo jornal 'El País' e motivou protestos pela saída de Mariano Rajoy

Partido nega qualquer irregularidade, mas Rajoy convocou uma reunião extraordinária do Conselho Executivo

CLÓVIS ROSSI COLUNISTA DA FOLHA

A denúncia de um "mensalão" espanhol, publicada ontem pelo jornal "El País", levou à noite milhares de pessoas à sede do Partido Popular, do presidente do governo Mariano Rajoy, para gritar "dimisión/dimisión".

À tarde, o grito de demissão já soara em pleno Congresso, em documento emitido pelo grupo "Esquerda Plural", minoritário: "Caso se confirmem os dados que oferece o jornal 'El País', Mariano Rajoy tem que se demitir e convocar de imediato eleições gerais, porque estamos ante uma crise do sistema democrático".

Os documentos do jornal espanhol referem-se à contabilidade interna do PP, que manejaram os então tesoureiros Álvaro Lapuerta e Luis Bárcenas, entre 1990 e 2009.

Mostram pagamentos periódicos, trimestrais ou semestrais, a toda a cúpula do partido (secretários-gerais e vice-secretários-gerais), inclusive a Rajoy, o atual presidente do governo.

O líder do PP teria recebido € 25.200 (R$ 70 mil) anuais durante 11 anos.

Nos papéis obtidos por "El País", figuram numerosas doações de empresas da construção civil, entre elas três envolvidas em escândalo anterior, o chamado caso Gürtel, em fase de tramitação judicial.

Os documentos, na forma de cadernos manuscritos com registro de entradas de dinheiro, provenientes das doações de empresários, e pagamentos periódicos a membros do partido, além de gastos de funcionamento, revelam mecanismo que lembra bastante o utilizado no Brasil, no chamado "mensalão", conforme ficou provado no julgamento do Supremo Tribunal Federal.

Como é natural, os líderes do PP negam qualquer irregularidade, mas Rajoy convocou uma reunião extraordinária do Conselho Executivo do partido para amanhã.

O principal partido de oposição, o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), acha que é demasiado tarde e pede o comparecimento imediato de Rajoy no Congresso para prestar esclarecimento.

"O que está em jogo é o nome do presidente do governo da Espanha. Ele próprio deve esclarecer o caso. Agora, já", disparou Alfonso Pérez Rubalcaba, o líder socialista.

Até ontem, explicações estavam sendo dadas pela secretária-geral, Maria Dolores de Cospedal, envolvida no caso.

Pelo menos um pagamento já foi aceito como verdadeiro, pelo presidente do Senado, Pio García Escudero, que disse ter devolvido ao partido um crédito de 1 milhão de pesetas (a moeda espanhola anterior à circulação do euro).

A direção do PP diz que o fato de Escudero admitir ser certo um registro não significa que os demais o sejam.

De todo modo, quando as primeiras declarações do tesoureiro Bárcenas a respeito do mensalão foram divulgadas, na semana passada, Cospedal anunciara que seu partido, apesar de seguro de que sua contabilidade era correta, revisaria todas as contas, para afastar qualquer dúvida.

Os papéis que "El País" divulgou mostram que "ela não convenceu ninguém", segundo Rubalcaba, que afirma que a credibilidade da número 2 do PP "é zero".

Daí ao grito de demissão foi um passo.


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