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Transição na igreja

Igreja reage à mídia e a acusa de tentar influenciar conclave

Número 2 do Vaticano responde a publicações que denunciaram Cúria por escândalos financeiros e sexuais

Porta-voz Lombardi se manifesta sobre campanha nos EUA contra cardeal acusado de acobertar pedofilia

DO ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Tanto a mídia falou de conspirações no Vaticano que o seu secretário de Estado, Tarcisio Bertone, devolveu ontem a acusação, disparando contra os jornais que, na sua opinião, tentam "condicionar a eleição do papa, pondo em jogo o peso da opinião pública, geralmente com base em avaliações que não recolhem o aspecto tipicamente espiritual que a igreja está vivendo".

Bertone, segundo homem na hierarquia do Vaticano, usou a rádio da cidade-Estado para difundir o comunicado centrado em críticas a "notícias não verificadas ou não verificáveis ou diretamente falsas, com grave dano a pessoas e instituições".

Na mesma linha, o padre Federico Lombardi, o habitualmente sereno porta-voz do Vaticano, saiu ontem ao ataque: lamentou que "não falte quem procura se aproveitar do momento de surpresa e desorientação dos espíritos débeis para semear confusão e lançar descrédito sobre a igreja e seu governo".

Seguiu, acusando os detratores de recorrer "a instrumentos antigos, como a maledicência, a desinformação, às vezes a própria calúnia, ou exercendo pressões inaceitáveis para condicionar o exercício do dever de voto por parte de um ou outro membro do Colégio de Cardeais, considerado indesejável por uma razão ou outra".

Nem Bertone nem Lombardi especificaram a que notícias específicas estavam se referindo mas é óbvio que os alvos são dois: reportagens do jornal "La Repubblica" e da revista "Panorama" relatando supostos detalhes do dossiê que o papa encomendara a três cardeais a respeito do chamado Vatileaks.

Segundo as duas publicações, o dossiê é um compêndio de pecados contra o sexto e o sétimo mandamentos (não fornicar e não roubar).

CARDEAL AMERICANO

No caso específico de Lombardi, está se referindo também à campanha de católicos norte-americanos para que o cardeal Roger Mahony, ex-arcebispo de Los Angeles, não participe do conclave, porque é considerado responsável pelo encobrimento de 129 casos de abusos de menores por parte de religiosos.

A influente revista católica "Famiglia Cristiana" encampou o movimento, levando à capa um dossiê a respeito, capa exposta na vitrina da loja da editora San Paolo, a poucos metros da sala de imprensa do Vaticano, chefiada por Lombardi.

O próprio papa Bento 16 rompeu ontem o silêncio que observou desde domingo, exatamente para elogiar a Cúria Romana, com a qual teria tido imensas dificuldades durante seus oito anos de pontificado, a julgar pelo que Lombardi considera "maledicências" da mídia.

Ao final da semana de retiro espiritual a que assistiu (sem ser visto pelos demais participantes), o papa agradeceu à Cúria "por estes oito anos nos quais carregaram comigo, com grande competência, afeto, amor e fé, o peso do Ministério de Pedro". (CLÓVIS ROSSI)


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