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Cerimônia fúnebre em Caracas reúne mais de 30 chefes de Estado

DAS ENVIADAS A CARACAS

Diante de chefes de Estado de mais de 30 países, o governo da Venezuela fez uma emotiva e politizada cerimônia fúnebre para Hugo Chávez, que culminou com uma profissão de fé e lealdade feita por seu herdeiro político e candidato à sucessão, Nicolás Maduro.

"Sua alma [de Chávez] era tão forte que seu corpo já não aguentava. Agora, ela [a alma] se liberou. Sua alma e seu espírito andam pelo universo se expandindo, enchendo de bendições, de amor para nos trazer. Sabemos que é assim. Sentimos!", disse Maduro, que falou por quase 40 minutos pontuados por exaltações de voz embargada.

Em certo momento, as câmeras focaram a silhueta de Maduro projetada sobre uma foto de Chávez, mãos postas em um crucifixo. Anteontem, foi revelado que o corpo dele será embalsamado para ser exposto permanentemente.

Como o discurso, a imagem era a síntese do componente religioso e de culto à figura do presidente que acompanha os gestos e atos do governo desde que se revelou o câncer que mataria o esquerdista quase dois anos depois.

Nas palavras da historiadora Margarita López Maya, uma cuidadosa estratégia construída para "legitimar os que ficaram como sucessores."

Do lado de fora, milhares de seguidores de Chávez esperavam pela oportunidade de passar diante do caixão de Chávez. Um telão transmitia a solenidade, que só contou com cobertura da imprensa oficial venezuelana no local e emocionou o público com as apresentações da Orquestra Juvenil Simón Bolívar.

O hino nacional, mas também clássicos da música popular venezuelana, como "Alma Llanera", "Venezuela", entoadas várias vezes por Chávez, foram executadas antes que Maduro falasse.

O herdeiro político contou ainda que o presidente teve a intenção de escrever um testamento, "de punho e letra", e pediu ajuda dos auxiliares para fazê-lo, ainda antes de se operar em 11 de dezembro, mas a doença o impediu.

"Essa ordem não cumprimos. Não conseguimos. Era impossível. Essa ordem ele já tinha cumprido. Porque a vida inteira do comandante é um testamento: sua palavra, sua paixão, sua ação, sua obra, seu povo. O povo da Venezuela é seu testamento."

Ele elencou como missão cumprir "os cinco objetivos" do plano de governo com o qual Chávez foi reeleito. Entre eles, transformar a Venezuela em "país potência" e ajudar no "equilíbrio do mundo".

PRIMEIRA FILA

O discurso foi ouvido por uma plateia que dava a dimensão do status geopolítico e do prestígio que Chávez forjou para a Venezuela em seus 14 anos de mandato.

No grupo de presidentes, um amplo espectro ideológico estava representado -o conservador Sebastián Piñera (Chile) compareceu, por exemplo. O protocolo reservou a primeira fila para aliados estratégicos: o ditador de Cuba, Raúl Castro, o bielorruso Alexander Lukashenko e o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.

Nem a presidente Dilma Rousseff nem seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, participaram. Os dois estiveram em Caracas anteontem para visitar o velório, mas partiram ao Brasil na madrugada. A mais surpreendente intervenção foi a do reverendo americano Jesse Jackson, que defendeu relação menos conturbada entre Venezuela e EUA.

No Twitter, Diosdado Cabello, presidente da Assembleia, respondeu a um interlocutor que disse não ter gostado das palavras de Jackson: "Eu tampouco [gostei]". (FLÁVIA MARREIRO E NATUZA NERY)


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