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Cristina vive numa realidade paralela, diz jornalista

DE BUENOS AIRES

"O discurso kirchnerista se refere às Malvinas como se sua reivindicação interessasse ao mundo. O governo de Cristina Kirchner vive numa espécie de realidade paralela, seus argumentos só têm ressonância internamente e apenas se explicam pela perda de importância da Argentina na geopolítica internacional."

O duro diagnóstico é do jornalista e escritor britânico Jon Lee Anderson, autor da biografia de Che Guevara e com ampla experiência em cobertura de guerras latino-americanas, principalmente na América Central, nos anos 80.

Em entrevista à Folha, Anderson também criticou o posicionamento do Reino Unido.

"Mandar navios de guerra, armamentos e o príncipe às ilhas [William participou de treinamentos lá em fevereiro de 2012] é adotar uma posição de patriotismo barato, de cair no mesmo discurso perigoso que esteve por trás do apoio a Margaret Thatcher nos anos 80 [a então premiê britânica deu ordens para que os ingleses respondessem à invasão argentina]."

Anderson concorda com o consenso de historiadores que consideram que a guerra ajudou a colocar fim à ditadura argentina (1976-1983).

"Os generais argentinos eram uma das coisas que de pior havia no continente naquela época. A derrota nas ilhas ajudou a apressar o fim de seu reinado e isso foi bom, apesar de não justificar nenhuma das mortes."

O jornalista ainda alerta para o fato de que, apesar de parecer distante, o desenlace armado é possível.

"Sempre queremos crer que coisas ruins como essa não se repetem, que se aprende sobre o passado. Mas também me cansei de ver conflitos irresolutos voltarem a causar guerras. Esperemos que não seja esse o caso."

Para Anderson, o petróleo hoje seria o fator-chave. Desde os anos 80, os britânicos buscam essa riqueza nos mares do Atlântico Sul. Porém nunca foi encontrada de forma volumosa como se espera.

Atualmente, cinco companhias inglesas atuam nas buscas. "Se o petróleo for encontrado, os ânimos podem se alterar outra vez. Naquela época, lutou-se apenas pela soberania e por razões patrióticas dos militares. Hoje, poderia haver uma guerra fundamentada numa razão econômica. É preciso estar alerta."


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