Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Moradores optam por Malvinas britânica

Com 98% dos votos em referendo, soberania do Reino Unido sobre arquipélago é apoiada pela população local

Após vitória esmagadora, governador das ilhas quer reconhecimento de argentinos e do Brasil, que apoia Buenos Aires

SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL ÀS ILHAS MALVINAS

Os moradores das ilhas Malvinas (Falklands) decidiram, por 98% dos votos, continuar sendo parte do Reino Unido. A participação foi de 92% dos eleitores. O resultado do referendo foi divulgado ontem, às 22h30, na sede do poder municipal.

Do lado de dentro da sede, reuniram-se as principais autoridades, empresários e a imprensa local e internacional. Do lado de fora, a população começou uma festa de rua, com música, barracas de comida e fogos.

"Don't Cry For Me, Argentina", em versão dançante, e "Rule Brittania" ecoavam pelas principais ruas de Stanley desde às 18h, quando a votação foi encerrada.

"É a maior festa das ilhas Falklands desde a 'libertação'", disse o radialista Patrick Watts, veterano membro da sociedade local, que narrou a invasão argentina em 1982, no início da Guerra das Malvinas.

Nomeado pela rainha Elizabeth 2ª, o governador britânico das ilhas, Nigel Haywood, disse à Folha que espera que a vitória arrasadora do "sim" tenha impacto nas novas gerações de argentinos.

"Sabemos que a mentalidade está mudando. E que os argentinos são uma coisa, o governo é outra. Nosso enfrentamento atual é com o kirchnerismo, não com os argentinos, de quem gostamos muito e que estão convidados a nos visitarem sempre que quiserem", declara.

Ele diz, ainda, que o sistema educacional argentino, "baseado em slogans", é o principal responsável pelo sentimento nacional de pedir a soberania sobre as ilhas.

"Gostaria que os argentinos tivessem uma opinião melhor informada sobre o que acontece aqui e sobre a nossa vontade."

Para Haywood, o apoio do Brasil à reivindicação argentina da soberania das ilhas é "uma decepção".

"Não tem lógica alguma que seu país não nos reconheça. Espero que depois do referendo o governo brasileiro se convença a mudar a relação conosco", disse, em entrevista realizada em sua casa, à beira do mar, em Port Stanley.

"O Brasil poderia colaborar na exploração do petróleo e fazer negócios ajudando em nosso abastecimento."

Desde dezembro de 2011, o governo brasileiro apoia uma decisão argentina de não deixar que navios com bandeira das Falklands pare nos portos do Mercosul. "Isso é um bloqueio econômico, não há outro nome, e nos prejudica muito", diz Haywood.

DIVULGAÇÃO

O governo das ilhas decidiu realizar o referendo depois que Cristina Kirchner elevou o nível de agressividade da reivindicação argentina pela soberania das ilhas, nos últimos meses.

Agora, fará uma ampla divulgação do resultado, enviando diplomatas e comissões de jovens para dar palestras em mais de 25 países.

O governo argentino diz que o referendo é ilegal e não reconhece a existência dos "kelpers" (habitantes das ilhas) como parte na disputa com o Reino Unido.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, contudo, declarou que "os argentinos devem respeitar o princípio de autodeterminação". "E que melhor exemplo de autodeterminação que o fato de que os ilhéus possam expressar-se através de um referendo?", questionou.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página