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Diário de Sevilha

Estrangeiros revigoram o flamenco na Espanha

SEVILHA, Espanha - Alicia Márquez ergue as mãos ao alto para fazer seus alunos olharem para cima enquanto batem os pés no chão, batendo palmas com força para lhes mostrar o ritmo. Para ensinar flamenco em Sevilha, o epicentro dessa dança, Márquez é obrigada a mostrar, mais do que falar: embora as dez alunas da classe sejam bailarinas hábeis na casa dos 20 ou 30 anos, apenas uma delas é espanhola.

O flamenco ainda é um elemento fundamental da cultura espanhola, entranhado na comunidade cigana da região da Andaluzia. Economicamente, porém, depende mais e mais dos estrangeiros que vêm para a Espanha para aprender a dança e recrutar espanhóis para ensinar e apresentar o flamenco no exterior. Enquanto isso, os tempos econômicos difíceis limitam as perspectivas no país onde o flamenco nasceu.

"A maioria de minhas alunas espanholas foi obrigada a suspender as aulas", comentou a professora. Algumas não puderam mais pagar as mensalidades. Outras, que recorreram a empregos mal pagos para se sustentarem, deixaram de ter tempo.

As dançarinas na classe de Alicia Márquez são alemãs, inglesas, dinamarquesas, israelenses, japonesas e uma aluna chinesa, o acréscimo mais recente à mistura de nações. "Dentro de alguns anos, acho, vamos ter tantas chinesas aqui quanto japonesas", comentou Gao Weiquian após a aula. Ela começou a aprender flamenco no ano passado, depois de se mudar da China para Sevilha para fazer doutorado em literatura hispânica. Hoje ela gasta US$ 275 mensais com as aulas em duas escolas de flamenco.

Macarena Martín Villanueva, a única aluna espanhola da classe de Márquez, lamenta o fato de suas amigas espanholas se interessarem pouco pelo flamenco. "Antigamente eu pensava que o flamenco era algo exclusivamente andaluz, mas acabei entendendo que um australiano ou japonês pode demonstrar mais entusiasmo pelo flamenco que a maioria das pessoas daqui", comentou. "O dinheiro é um problema, porque, depois que você mergulha no flamenco, começa a gastar bastante." Seus sapatos de dança custam US$ 235.

José Ruiz Navarro é professor de empreendedorismo na Universidade de Cádiz e coautor de um estudo sobre a economia do flamenco. Ele estima que estrangeiros tenham injetado US$ 980 milhões na economia da Andaluzia em 2011 e que essa cifra vem crescendo rapidamente.

Enquanto isso, mais artistas e professores de flamenco espanhóis estão indo ao exterior. Desde 2008, quando a crise financeira atingiu a Espanha, Blanca Perdiguer passa cinco meses por ano fora do país. Ela conta que em Moscou ou Praga consegue ganhar quase US$ 4.000 por mês, mais as despesas de viagem e hospedagem. É três vezes o que consegue receber dando aulas em Sevilha.


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