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New York Times

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Empresas hesitam em preencher vagas abertas

Por CATHERINE RAMPELL

Empresas americanas têm vagas de trabalho, dinheiro disponível e inúmeros candidatos bem qualificados, mas muitas ainda relutam em contratar profissionais, obrigando candidatos já entrevistados a esperar por semanas ou meses antes de tomarem uma decisão. Se é que a tomam algum dia.

Os 4 milhões de empregos disponíveis (para 12 milhões de desempregados) são o maior número de vagas de trabalho abertas desde o auge da crise financeira. Mas, de acordo com os economistas Steven J. Davis, Jason Faberman e John Haltiwanger, as vagas vêm passando mais tempo abertas -em média 23 dias úteis, contra 15 em meados de 2009.

"Existe o receio de que a economia vá enfraquecer outra vez. Por isso, a mensagem dos executivos financeiros é 'cuidado ao contratar'", explicou John Sullivan, professor de administração de empresas na Universidade San Francisco State.

As empresas estão chamando muitos candidatos para entrevistas repetidas. Dados do site Glassdoor.com, que reúne informações sobre contratações, mostra que desde 2010 o número de candidatos que passam pelo processo de entrevistas nas grandes empresas dobrou.

"Depois que chamam você de volta para a sexta entrevista, você tem vontade de dizer: 'Chega, não volto mais'", contou o editor de vídeo Paul Sullivan, 43, de Washington, otimista, mas também irritado. "Mas então você pensa: 'Quem sabe o sete não é meu número da sorte? Além disso, se eu não for, eles vão riscar meu nome de oportunidades futuras.'."

Sullivan já foi chamado para a oitava e a nona entrevista para cargos em três empresas diferentes. Duas delas acabaram por decidir não contratar ninguém.

Os adiamentos de contratações fazem parte de um ciclo vicioso: com dificuldades financeiras, os americanos relutam em gastar. Esse fato limita a demanda, o que, por sua vez, prejudica a confiança das empresas na possibilidade de as vendas se firmarem, justificando a contratação de mais funcionários. A geração de empregos nos últimos dois anos vem sendo constante, mas insuficiente para ter impacto sobre o pool de profissionais desempregados.

"Se você tem uma vaga aberta, mas não tem certeza quanto ao rumo da economia, custa pouco esperar por um ou dois meses", explicou Nicholas Bloom, professor de economia da Universidade Stanford, na Califórnia. No entanto, esses pequenos adiamentos estão ajudando a desacelerar o processo de recuperação.

As empresas podem estar obrigando candidatos a passar por um processo tortuoso em parte porque muitos profissionais estão sem trabalho há muito tempo, e os gerentes de contratações querem verificar se suas qualificações estão atualizadas, aventou o professor de economia Robert Shimer, da Universidade de Chicago.

Mas outro fator é a ausência de pressão para contratar neste momento, já que há abundância de candidatos e os funcionários contratados têm medo de recusar a carga adicional de trabalho decorrente de uma vaga não preenchida. As empresas podem arrastar o processo de contratação até sentirem mais confiança em relação aos negócios -ou até encontrarem um candidato "super-homem".

Economistas dizem que esses processos que as empresas criaram podem estar causando desperdício do tempo dos gerentes e dos recursos das próprias empresas. Os custos para os candidatos também se acumulam rapidamente. Paul Sullivan calcula que já gastou US$ 520,36 na busca das três vagas de trabalho às quais se candidatou -com estacionamento, duas multas por estacionar em local proibido, gasolina e lanches no Starbucks enquanto aguardava suas entrevistas. Esse valor não inclui os custos de produção e envio postal de seus trabalhos em vídeo, lavagem a seco dos ternos que ele traja nas entrevistas e milhares de dólares em taxas de certificação em novos programas de edição de vídeo.

Jameson Cherilus, 23, se considera sortudo. Ele gastou centenas de dólares indo e vindo de sua casa, no Connecticut, para fazer entrevistas de empregos em Nova York. Depois de seis semanas de entrevistas para um cargo administrativo de baixo nível numa agência de talentos, em dezembro passado, a empresa finalmente lhe ofereceu o emprego.

Há apenas um porém. Mais de dois meses depois, a agência ainda não o informou quando ele vai começar a trabalhar.


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