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New York Times

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Moda se rende ao feitiço das bruxas

Por RUTH LA FERLA

A bruxaria e suas expressões soturnas -cabelos longos e desgrenhados, chapéus e botas pontudas- vêm ganhando influências estranhas.

As bruxas deixaram de ser velhas, feias e cobertas de verrugas. Em filmes recentes, como "João e Maria: Caçadores de Bruxas" e "Oz: Mágico e Poderoso", e romances, como "Released Souls" e "A Descoberta das Bruxas", as bruxas tomaram o lugar dos vampiros como símbolos de poder, glamour e estilo, deixando mais sombrias as tramas de livros e filmes de ficção para adolescentes e estendendo sua influência para a música e os desfiles de moda.

"A bruxa é a 'bad girl' total", explicou Carly Cushnie, da equipe de estilistas Cushnie et Ochs. "Você gostaria de ser essa bruxa."

A coleção da Saint Laurent que Hedi Slimane mostrou em Paris no outono passado, com chapéus de aba larga, capas esvoaçantes e ondas etéreas de "chiffon", parecia recender enxofre. Mantos e vestidos diáfanos ganharam espaço em coleções tão diversas quanto as de Pamela Skaist-Levy e Gela Nash-Taylor. Com suas modelos de rostos brancos como giz, usando meias-calças brancas e vestidos de ombros marcados e estilo gótico, o desfile da coleção de outono de Thom Browne, em Nova York, em fevereiro, parecia uma cena cortada de algum filme assustador de Tim Burton.

As mulheres que fazem magia negra no mundo da moda trabalham com algo mais sutil do que o sex appeal puro e simples. "Os maxivestidos e capas não deixam muita pele à mostra", explicou Hayley Phelan, editora sênior do blog de moda Fashionista.com. "O que celebram é um tipo de beleza que talvez agrade mais a outras mulheres que aos homens."

Um espírito wicca se manifestou no desfile de Gareth Pugh em Londres, em fevereiro, envolto em capas com capuz e vestidos longos, e nos desfiles de Ann Demeulemeester e Rick Owens em Paris. A estilista sul-africana Jessica Rayne gosta de vestidos pretos com franjas e rendas e já explorou as imagens do paganismo. "A bruxa é uma personagem forte", explicou. "Ela é louca, mas fascinante. O tipo de mulher por quem você se apaixona, mesmo com medo."

O mundo da música também produziu todo um panteão de mulheres com ares de bruxas, como Florence Welch, obcecada por bruxaria quando era criança.

Para algumas pessoas, as bruxas e as fantasias distópicas da atualidade são uma maneira de corrigir a noção infantil de que o bem e a justiça sempre vão prevalecer. Jeremy Gutsche, editor do periódico on-line "Trendhunter", acha que entretenimentos "adocicados" têm menos chances de agradar a um público que ainda sente o baque da recessão. "Os consumidores querem algo mais sombrio, mais de vilão, mais arriscado, que deixe essas histórias da infância mais sedutoras."

"Oz: Mágico e Poderoso" estreou neste mês mostrando ao público a bruxa Evanora, trajando cetim verde, persuadindo sua irmã Theodora, traída por seu namorado, a aderir aos consolos do mal: um reino só dela e um guarda-roupa irresistível.


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