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Michael Kimmelman - Resenha de Arquitetura

Exposição traz obras-primas de Labrouste

A mostra "Henri Labrouste: a Estrutura Trazida à Luz", no Museu de Arte Moderna de Nova York, é elegante e adstringente, como o trabalho do arquiteto. O nome de Labrouste talvez não soe familiar, mas não deixe de ver a exposição -ela é maravilhosa.

Labrouste morreu em 1875, aos 74 anos, deixando como legado duas das maiores construções do século 19: a Biblioteca Sainte-Geneviève e a Biblioteca Nacional, milagres de construção em pedra, ferro e vidro em Paris.

Há detalhes maravilhosos, incluindo as mesas em que os desenhos estão expostos, construídas segundo os desenhos de mobília do próprio Labrouste na Biblioteca Sainte-Geneviève. Os desenhos na galeria inicial revelam como era a aparência do grande desenho arquitetônico.

Acho lamentável não vermos mais edifícios na mostra, tirando as bibliotecas. Labrouste criou residências particulares em vários estilos tradicionais. O que a ausência delas deixa implícito -que, forçado a ganhar a vida, ele aceitou trabalhos encomendados tradicionais- contraria sua reputação de intransigência. Homem orgulhoso e sério, Labrouste não cedia a ninguém.

O que vemos no Museu de Arte Moderna é o Labrouste que, quase um século atrás, o crítico Sigfried Giedion identificou como engenheiro e arquiteto protomodernista, pioneiro da construção em ferro. Embora isso seja válido, Labrouste parece pelo menos igualmente interessante hoje pela complexidade de seu pensamento. Em nossa era de arquitetos estrelas, Labrouste é um exemplo de criador que não fazia concessões, com uma estética híbrida e heterodoxa que casava utilidade e classicismo.

A gravidade da fachada da Sainte-Geneviève deve-se ao minimalismo de seu desenho: saliências horizontais ininterruptas percorrem a longa fachada de ponta a ponta na cornija e entre os dois pisos, com guirlandas simples de pedra aparentemente penduradas da prateleira mais baixa, sobre medalhões de ferro. Janelas em arco, sem adornos, formam as únicas quebras na parede do térreo, com exceção da porta.

Deixando antever a arquitetura da sala de leitura, o piso superior da fachada apresenta uma arcada rasa contendo uma grade de placas inscritas com os nomes de 810 escritores. Os nomes aparecem em fileiras sob as grandes janelas em meia-lua que iluminam a sala de leitura. Como os das guirlandas, os medalhões nos tímpanos entre as janelas são parafusos e varetas de fixação das faixas do piso e das abóbadas da estrutura interior de ferro. Labrouste converte o esqueleto estrutural do edifício em seu motivo decorativo.

Depois da Biblioteca Sainte-Geneviève, Labrouste passou os últimos 21 anos de sua vida criando o prédio da Biblioteca Nacional francesa, cuja sala quadrada de leitura, banhada em luz, é uma colmeia de nove domos flutuando sobre uma floresta de finas colunas de ferro de dez metros de altura. Onde as janelas não trespassam as paredes superiores, paisagens pintadas destacam o tema pastoral, e a abóbada de ferro das estantes de livros, também iluminada com claraboias, é visível aos leitores através de uma parede de vidro, sendo separada deles por uma porta monumental em arco.

Labrouste dedicou a maior parte de sua vida profissional a obras de arquitetura pública, recebendo um salário do governo. Ele transcendeu os materiais, criando construções funcionais de uma delicadeza etérea. Nada era tão pequeno que não merecesse sua atenção. A Biblioteca Sainte-Geneviève foi concluída em 12 anos, sem extrapolar o orçamento. Labrouste contou a notícia ao ministro responsável e ganhou a permissão para trocar a porta de entrada, de ferro fundido, por uma porta de bronze. Perfeccionista até o final.


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