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New York Times

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Produções preveem tendências

Por MICHAEL CIEPLY

LOS ANGELES - Em meados de 2006, quase ninguém estava preocupado com o apocalipse zumbi. Mas a Paramount Pictures percebeu que ele estava chegando.

Em junho daquele ano, a Paramount se uniu à Plan B Entertainment, de Brad Pitt, para adquirir os direitos para o cinema do livro "Guerra Mundial Z: Uma História Oral da Guerra dos Zumbis". Seu autor, Max Brooks, aproveitando o sucesso de "O Guia de Sobrevivência aos Zumbis", de três anos antes, havia usado entrevistas fictícias para criar a história de um mundo dominado por zumbis.

Desde então, parece que os zumbis realmente assumiram o poder -em filmes menores como "Zumbilândia", livros como "Orgulho e Preconceito e Zumbis" e, notavelmente, "The Walking Dead" [Os mortos-vivos], uma série de sucesso transmitida pela TV a cabo nos EUA e pela Fox International em outros países.

Assim, quando "Guerra Mundial Z" chegar aos cinemas de todo o mundo, no início de junho, o filme estará seguindo uma onda antecipada há quase uma década.

A Paramount não é o único estúdio que pode perder essa onda cultural. Os maiores filmes de Hollywood são atrasados por um processo de filmagem que demora conforme aumentam os riscos financeiros e a complexidade da produção. Também os efeitos visuais prolongam o período entre o impulso criativo e a estreia.

Na maior parte da indústria de entretenimento, o metabolismo se acelerou com a tecnologia digital, que levou a novos caminhos de criação de conteúdo. A televisão baseada na web, o YouTube, o capital semente de grupos como Kickstarter -tudo isso contribuiu para um processo mais igualitário, que beneficia um ritmo mais rápido. Até Hollywood pode se mover rapidamente às vezes, quando precisa se manter a par com o mundo ao seu redor, como fizeram os produtores de "A Hora Mais Escura" depois da morte de Osama bin Laden em 2011.

Mas, neste ano, a agenda de lançamentos apresenta pelo menos oito filmes de grande orçamento que foram concebidos de cinco a 14 anos atrás. Na Warner Brothers, "O Homem de Aço", uma reformulação de Superman a ser lançada em junho, vem abrindo caminho há pelo menos sete anos. "Ender's Game", produzido pela OddLot Entertainment e outros, a ser lançado em 1° de novembro, criou raiz na Warner há dez anos.

Entretanto, talvez não importe muito se os filmes produzidos para um público mundial diversificado se distanciem do momento cultural em que foram concebidos.

Antes de 2006, a expressão "apocalipse zumbi" tinha aparecido apenas duas vezes no "New York Times", a primeira em uma matéria de 2003 sobre o diretor Danny Boyle e seu filme de terror "Extermínio". Mas, no ano passado, ela teve 20 aparições -em colunas políticas, na cobertura televisiva e em um artigo sobre sanduíches de manteiga de amendoim e picles.

A série de filmes "Resident Evil", cheia de zumbis, da Sony Screen Gems, ampliou-se para cinco filmes em 2012.

Na convenção anual de fãs Comic-Con International, em San Diego, Brooks e seus livros de zumbis, concebidos logo depois dos atentados terroristas de 11 de Setembro, causaram sensação. Mas, afinal, foram obscurecidos pelas invenções do autor de quadrinhos Robert Kirkman e seus colegas. Sua história "Walking Dead", publicada pela primeira vez em 2003, chegou à televisão como uma série do canal AMC em 2010 e hoje está entre os mais populares programas de TV.

"Brooks era o máximo na Comic-Con até que 'The Walking Dead' começou sua primeira temporada", disse James Thompson, que ministra um curso de indústrias culturais americanas no programa Duke in Los Angeles da Universidade Duke na Carolina do Norte. "Hoje os fãs de zumbis já leram seu material, mas Kirkman é a voz da moda."

A animação move-se lentamente por causa da atenção dada ao desenho dos personagens e a cenas extremamente complexas.

Entre os filmes de ação, o primeiro tende a se mover mais devagar que as sequências. Isso porque os executivos e cineastas muitas vezes se debatem com decisões que definirão a série de modo permanente -um mundo que pode ser tão lucrativo quanto Avatar, que demorou 15 anos para ficar pronto. "Quando você acerta, a vantagem pode ser enorme", disse Brad Grey, da Paramount. "Quando você erra, é óbvio, a desvantagem pode ser enorme."


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