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New York Times

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Berlim atrai ideias e verbas para start-ups

Por MARK SCOTT

BERLIM - Perto da estação Rosenthaler Platz do metrô, os sinais de um futuro tecnológico se misturam ao passado comunista da cidade.

Estábulos e cervejarias decrépitas foram transformados em escritórios comunitários, com coloridos móveis Ikea. Cafés ultralegais, como o Betahaus e o St. Oberholz, estão lotados de programadores na faixa dos 20 e 30 anos, debruçados sobre seus laptops.

"Fui sugado para Berlim", disse o programador Henrik Berggren, que havia largado a universidade na Suécia e em 2011 se mudou para cá para trabalhar no seu empreendimento de e-books, o ReadMill. "Ficou claro que este era o lugar onde estar."

Mais de duas décadas depois da queda do Muro de Berlim, engenheiros e designers estão inundando a cidade, atraídos pela cena musical underground, pelos bares estilosos e pelos aluguéis baratos.

Horas depois de pousar no aeroporto Tegel, Berggren, 33, encontrou um apartamento com dois jovens alemães em um dos bairros mais em voga na cidade por € 300 mensais. "O aluguel barato em Berlim faz você ganhar tempo, e tempo é tudo", disse Lorenz Aschoff, cofundador da EyeEm, um aplicativo para fotos semelhante ao Instagram.

Em março, a chanceler Angela Merkel visitou várias empresas de tecnologia em uma demonstração de apoio. Os políticos da cidade também estão tentando facilitar a concessão de vistos a trabalhadores estrangeiros.

Mas, pelos padrões do Vale do Silício, Berlim ainda é atrasada. "A cena é muito jovem", disse Alex Ljung, cofundador do site musical SoundCloud. "Berlim ainda não se provou. Nesse sentido, é parecida com uma start-up."

Os empreendedores dizem que é difícil encontrar programadores e engenheiros de alta qualidade e que falta financiamento inicial por parte das empresas de investimentos. Após se machucarem na bolha "ponto com", os investidores privados alemães passaram a rejeitar os grandes aportes, preferindo financiar companhias iniciantes com cheques inferiores a US$ 2 milhões.

Ijad Madisch, médico formado em Harvard e criador da rede social para cientistas ResearchGate, precisou sair da Alemanha para conseguir o investimento inicial de seu projeto. Ele transferiu o ResearchGate de Boston para Berlim em 2011 com uma dúzia de funcionários e, em menos de dois anos, já tem 120 pessoas trabalhando para ele. Seu site atualmente conecta 2,6 milhões de cientistas no mundo todo. "Precisei sair da Alemanha para voltar para a Alemanha", disse Madisch.

A cidade também está tentando superar a fama de copiar os modelos empresariais americanos em vez de desenvolver por conta própria ideias inovadoras.

O que é mais importante, houve algumas saídas bem-sucedidas -vendas a empresas maiores ou lucrativas aberturas de capital-, o que poderá consolidar o lugar de Berlim na comunidade global de start-ups. Alguns negócios superam a marca de US$ 1 bilhão.

Mas, à medida que as start-ups locais conquistam audiências globais -e amparo internacional-, os empreendedores e investidores estão apostando em Berlim. Enquanto o investimento de capital de risco no resto da Europa permanece estável desde o início da crise financeira, a cidade captou € 173 milhões em investimentos de risco no ano passado, um aumento de 164% em comparação a 2009.

Grandes empresas de tecnologia também estão demonstrando interesse. Em abril, a gigante japonesa Panasonic adquiriu por uma quantia não revelada o Aupeo, serviço de streaming de áudio com sede em Berlim. O Google está investindo em um polo local de start-ups chamado Factory.

Muitos olhares estão voltados para a Wooga, start-up de jogos on-line que surgiu em 2009 e disputa com a Zynga usuários em celulares e sites de redes sociais como o Facebook.

Após arrecadar dinheiro de investidores europeus e americanos, Jens Begemann, cofundador e executivo-chefe do Wooga, disse que os investidores estão pouco a pouco reconsiderando ideias não testadas. Ele está focado em ampliar seus jogos para os smartphones, em um esforço para se diversificar em relação a sites como o Facebook.

"Os games envolvem uma combinação de engenharia habilidosa e atmosfera criativa", disse Begemann, 36, no escritório de cinco andares onde programadores partilham ideias em uma cozinha aberta, concebida para parecer uma floresta frondosa. "A Wooga não poderia existir em outra cidade que não Berlim."


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