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New York Times

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Peru tenta evitar contrabando de artefatos históricos

Por WILLIAM NEUMAN

LIMA, Peru - A arqueóloga Gladiz Collatupa certa vez guardou seis múmias na casa de seus pais para que elas ficassem em segurança. Isso foi na época em que fazia escavações no solo peruano em busca de artefatos históricos. Agora ela "escava" nos pacotes dos Correios.

Collatupa e sua colega Sonia Rojas, historiadora de arte, tentam impedir que as riquezas da antiguidade peruana sejam contrabandeadas para fora do país por meio do correio.

Elas trabalham para o Ministério da Cultura peruano. No ano passado, a equipe dos Correios fez 22 apreensões. Os objetos apreendidos incluíram têxteis e cerâmicas pré-colombianos, fósseis, um sabre do século 19, uma pintura a óleo do século 19, um lote de 56 livros pertencentes à Biblioteca Nacional e documentos religiosos e legais do século 18.

Neste ano elas já fizeram sete apreensões, incluindo moedas antigas e bonecas que trajavam tecidos roubados de sítios arqueológicos. "Não importa quão pequeno seja um objeto, é importante", falou Collatupa. "Os artefatos fazem parte de nossa identidade."

Na maioria dos casos Rojas, 36, e Collatupa, 32, não confrontam os infratores.

Mas, em março, um colecionador que tinha tentado enviar pelo correio uma moeda de prata cunhada no Peru em 1838 compareceu aos Correios para prestar queixa. Disse que a moeda era falsa e não deveria ter sido apreendida. As palavras "Firma da União" estavam gravadas na moeda, e Rojas se manteve firme: tinha examinado o artefato e constatado que era genuíno. A moeda não saiu do país. Como a maioria dos outros objetos apreendidos nos Correios, foi acrescentada ao acervo do Museu Nacional.

Mas os traficantes têm poucos incentivos para obedecer à lei. Em março deste ano, um leilão de obras pré-colombianas promovido pela casa Sotheby's em Paris angariou mais de US$ 13 milhões por 150 objetos. Peru, México, Guatemala e Costa Rica afirmaram que muitos dos objetos tinham sido tirados de seus países ilegalmente.

As penalidades para quem trafica artefatos históricos são pequenas. Desde 2007, ninguém é preso por tráfico cultural no Pru.

O governo vem aumentando seus esforços para recuperar objetos traficados. Em maio, anunciou a recuperação de 125 artefatos dos Estados Unidos, do México, da Suíça e do Chile, incluindo trabalhos de cerâmica pré-colombianos, um manuscrito do século 17, pinturas coloniais e um receptáculo de prata para portar a hóstia, roubado de uma igreja em Cuzco.

Em 2011, a Universidade Yale, em Connecticut, começou a devolver centenas de artefatos levados há décadas de Machu Picchu, a famosa cidadela inca.

No centro de triagem postal onde trabalham Collatupa e Rojas, os pacotes descem por grandes canaletas espiraladas. Um agente da Alfândega abre os pacotes considerados suspeitos. Collatupa e Rojas colocam luvas de látex para remover o conteúdo. Se não houver nada de errado, elas recolocam os objetos nas embalagens, que fecham com uma tira de fita amarela, para assinalar que foi aberto pela Alfândega.

Entre as descobertas que as colegas já fizeram estão uma xícara de cerâmica inca do século 16 e pinturas a óleo coloniais.

Enquanto elas trabalham, um cão treinado fareja os pacotes, em busca de drogas.

Às vezes os dois tipos de busca coincidem. Em fevereiro, agentes alfandegários à procura de drogas encontraram 11 moedas de prata do século 16.

"Você nunca sabe o que vai encontrar", comentou Rojas.


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