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New York Times

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Laura Poitras

Cineasta que ajudou Snowden preocupa EUA

Por NOAM COHEN

O cineasta Alex Gibney lembra de ter encontrado sua colega documentarista Laura Poitras no aeroporto no ano passado, quando ambos iam tomar o voo Nova York-Londres. "Ela me advertiu que estava em uma lista de observação e que seria retirada da fila", disse ele. "E realmente foi."

Em meados de junho, Poitras, 49, surgiu como a ligação central entre o ex-funcionário do governo Edward J. Snowden e redatores dos jornais "The Guardian" e "The Washington Post", que publicaram os documentos que Snowden vazou sobre a vigilância do governo. Mas ela tem uma história muito mais longa como cineasta que tenta mostrar como o mundo mudou desde os atentados de 11 de Setembro.

Seus primeiros dois filmes nesse projeto -"My Country, My Country" [Meu país, meu país], passado no Iraque depois da invasão americana, e "The Oath" [O juramento], sobre um ex-prisioneiro da baía de Guantánamo e seu cunhado, que havia trabalhado como guarda-costas de Osama bin Laden- foram elogiados pela crítica e aparentemente chamaram a atenção do governo.

Em uma entrevista em um hotel de Hong Kong, Poitras disse que Snowden a contatou pela primeira vez em janeiro, dizendo-lhe que tinha lido sobre o fato de ela ser habitualmente revistada nas fronteiras. "Ele disse que via isso como um indício de que eu era uma pessoa 'escolhida', isto é, alguém que saberia o que é ser observado pelo governo."

"Ele sabia que o que tinha a dizer era um assunto que me interessava." Ele também tinha visto um curta-metragem sobre vigilância doméstica, "The Program", que ela fez para o "New York Times".

Poitras, que ganhou uma bolsa McArthur no ano passado e foi indicada para um Oscar por "My Country", já vivia fora dos Estados Unidos. Depois de ser questionada na fronteira -"mais de 40 vezes, provavelmente, perdi a conta"- e de ter seu laptop apreendido e suas anotações copiadas, ela se mudou para a Europa.

Por causa de sua experiência relatando questões de segurança nacional, Poitras disse que tinha capacidade para manter uma conversa on-line criptografada com Snowden, sobre a qual ele insistiu. "O número de jornalistas que sabem usar isso é muito pequeno", disse ela. "Eu não poderia ter me comunicado com Snowden sem criptografia."

Ainda assim, a publicação do documento vazado por Snowden sobre o Prism -o programa da Agência de Segurança Nacional que coleta dados de provedores de serviços de e-mail e bate-papo- não foi nada típico.

Tanto "The Guardian" como "The Post" escreveram ao mesmo tempo sobre uma apresentação altamente secreta no Prism. Para o artigo do "Post", Poitras compartilhou o crédito com Barton Gellman, que ela conhecia de uma bolsa. Para um perfil sobre Snowden no "Guardian", ela dividiu o crédito com Glenn Greenwald, um jornalista que conhecia, e com Ewen MacAskill.

Ela também fez o vídeo em que Snowden explica sua motivação para praticar o vazamento. Ele teve milhões de acessos, segundo o "Guardian", que o publicou.

Poitras também tentou desviar a atenção de si mesma. "Estamos no meio de uma história que se desenrola e que não sabemos aonde vai dar. Existem apostas reais, perigos reais, e minha biografia não é tão importante", disse, citando as recentes investigações do governo a jornalistas da Associated Press e da Fox News.

Poitras hoje se encontra em meio à confusão de um evento noticioso global, mas ainda tem sua câmera e uma visão da história que ela quer contar. A entrevista com Snowden fará parte de sua próxima obra, "um filme que não vai sair amanhã ou na semana que vem", disse. "Vai demorar um pouco."

Ela se descreveu como uma participante inesperada. "Isso não foi algo que eu estava procurando."


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