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New York Times

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Greta Gerwig

Atriz faz da intensidade uma marca

"Eles falavam comigo com uma voz aguda e suave. Diziam: 'Oh, prazer em conhecê-la', como se eu fosse derreter"

Por ZACH BARON

Noah Baumbach e Greta Gerwig -protagonista e roteirista parceira de Baumbach no filme "Frances Ha"- estavam tomando um café da manhã tardio em Nova York.

Por um momento, parecia uma cena tirada do filme: um dia de trabalho em que ninguém está realmente trabalhando e uma sala cheia de pessoas bonitas dizendo coisas desarticuladas, mas estranhamente específicas, como o pedido de bebida de Gerwig: chá sem açúcar nem leite. "Preto, mas verde", disse ela a um garçom momentaneamente atônito.

Porém, a ilusão de que os dois eram personagens sem destino de seu próprio filme não durou por muito tempo.

"Frances Ha" conta a história de uma jovem imatura de 27 anos, interpretada por Gerwig.

Frances é uma aspirante a bailarina moderna que tem um caso de amor platônico com sua melhor amiga, Sophie (Mickey Sumner), e a cidade de Nova York -filmada em sedutor preto e branco digital, lembrando "Manhattan"- onde as duas moram. É um filme profundamente romântico sem um verdadeiro romance e uma carta de amor a uma cidade que às vezes é retratada como um lugar longe de ser adorável.

"Não há um relacionamento heterossexual no filme", disse Gerwig, 29. "Não há beijos." Em vez disso, a obra faz a crônica do flerte de Frances com a idade adulta e sua posterior queda do eterno estado de graça da adolescência. "Estou tão envergonhada", diz Frances. "Ainda não sou uma pessoa de verdade."

Gerwig, que nasceu na Califórnia, é uma das atrizes mais fascinantes de sua geração e é conhecida por seus trabalhos aparentemente não estudados e uma intensidade física nervosa.

Baumbach e Gerwig se conheceram na filmagem de "O Solteirão", o primeiro filme do diretor, em que a atriz interpretou a ingênua e vulnerável paquera de Ben Stiller, Florence, em um desempenho tão vívido que certas pessoas em Hollywood ainda a confundem com a personagem, disse Gerwig.

"Eu tinha reuniões em que as pessoas me diziam com uma voz aguda e suave: 'Oh, é um prazer conhecê-la', como se eu fosse simplesmente derreter."

A Frances do filme é um perigo apenas para si mesma: ela precisa descobrir não como parar de magoar os outros, mas como impedir que as outras pessoas a magoem.

Isso se deve em parte ao desempenho de Gerwig, a mais detalhada repetição de um personagem que ela mesma já interpretou: alguém jovem, exposto e não totalmente formado. "Frances Ha", que foi lançado nos Estados Unidos em maio, é um filme episódico, quase fragmentado, estruturado pelos endereços cada vez menos interessantes em que Frances mora.

Ela se muda do Brooklyn para Chinatown e depois para a cidade operária de Poughkeepsie, a cerca de 130 quilômetros de Nova York. O filme acompanha o relacionamento entre Frances e Sophie, colegas de quarto que ora se encontram, ora se afastam.

"Frances Ha" inclui um animado diálogo com a história do cinema, cheio de referências a filmes de François Truffaut e Eric Rohmer, que Baumbach admira.

A maior parte da música de "Frances Ha" foi feita por Georges Delerue, compositor da New Wave francesa.

Frances é um arquétipo diferente daqueles que povoam "Girls", série do canal HBO sobre jovens mulheres em Nova York -ela é mais velha, está mais próxima do verdadeiro fracasso e, de certa maneira, é comida viva pela metrópole.


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