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New York Times

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Empresas substituem governo espanhol na cultura

Por DOREEN CARVAJAL

MADRI - Manchas de sangue misturadas com grafite marcam as paredes do antigo matadouro desta cidade e seu vasto conjunto de pavilhões com arcos mouriscos. Eles são sinais de uma história eclética: no último século, o complexo chamado Matadero Madrid foi de um abatedouro para um refúgio de pessoas sem teto e disso para um posto avançado de arte contemporânea, teatro e filmes documentários.

Agora o Matadero está evoluindo para ser um laboratório cultural, onde se experimenta uma nova estratégia de financiamento das artes. Empresas e instituições fornecem apoio financeiro para suplementar os subsídios do governo às artes, que estão diminuindo. Com uma condição: elas não apenas mandam cheques, elas entram em cena.

No centro murado de 5.500 metros quadrados, há restaurantes e teatros públicos que, no ano passado, atraíram mais de 500 mil visitantes. Mas cinco novos residentes são instituições privadas, incluindo uma associação de designers, uma fundação de uma editora e escritórios da Red Bull, fabricante de energéticos.

Elas estão no complexo sem pagar aluguel. Porém, investiram milhões de euros na reforma dos pavilhões e na programação cultural, que inclui de exposições de arte a festivais de música.

Essas novas parcerias são forjadas pela necessidade. O governo espanhol reduziu o apoio à cultura em quase 50%, nos últimos quatro anos, em consequência da prolongada crise econômica. Em outros países europeus em dificuldades, as políticas de austeridade obrigaram as instituições de arte a reduzir programas e a cortejar doadores privados.

"Nenhuma das instituições culturais da Espanha irá recuperar seu antigo orçamento", disse Alberto Fesser, diretor de uma instituição sem fins lucrativos em Madri. "O caminho alternativo é a mistura de receita privada com pública."

Existe, porém, preocupações sobre essa nova abordagem. O lado negativo do patrocínio empresarial é que a cultura pode ser fortemente influenciada pelas empresas. Um exemplo é a exposição de um museu parisiense dedicada à "arte" do perfume Chanel n°5. Na França, essa tendência foi chamada ironicamente de "exposições de publicidade".

A Casa del Lector, uma fundação para promover a leitura criada pelo fundador da editora espanhola Anaya, mudou-se para o Matadero no último outono, depois de financiar a reforma de US$ 16,8 milhões de um abatedouro de porcos dentro do complexo para um espaço de alta tecnologia para palestras e exposições. A fundação oferece palestras, oficinas e exposições de arte sobre temas como "Drácula", de Bram Stoker.

A Red Bull mudou-se para o Matadero em 2011. Ela gastou mais de US$ 2,2 milhões para criar sua própria academia de música e um jardim no interior do edifício. A academia inclui um estúdio de gravação profissional e um espaço para apresentações.

O novo acordo ajudou o Matadero a prosperar. Agora, ele procura parceiros para financiar uma reforma de milhões de dólares de outros dois pavilhões vazios.

O centro obtém receitas de dois restaurantes no complexo e está abrindo um negócio de aluguel de bicicletas. A renda cresceu para aproximadamente US$ 930 mil no ano passado.

"É realmente diferente do antigo estilo", disse Carlota Álvarez Basso, diretora de programação do Matadero, cujo objetivo é presidir uma mudança de paradigma na captação de fundos.

"Antes eu apenas conseguia o dinheiro e não precisava bater à porta de diversas instituições", disse ela. "Éramos ricos. No contexto da crise, precisamos encontrar novas soluções."


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