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New York Times

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Premiê butanês quer mais que felicidade

Por GARDINER HARRIS

THIMFU, Butão - Este país de 725 mil pessoas, conhecido sobretudo por seu índice de felicidade, está passando por uma das transformações mais completas do mundo. O Butão viveu sob sistema feudal até 1953, sua primeira rodovia foi construída em 1962 e agora um novo líder o está levando para novos rumos.

"Nos últimos anos, transformamos o país de modo a torná-lo irreconhecível", disse o novo primeiro-ministro, Tshering Tobgay, 48.

Tobgay praticamente abandonou o índice de felicidade interna bruta, introduzido no país em 1972 pelo rei Jigme Singye Wangchuck como maneira de equilibrar a modernização com as tradições do país. O predecessor de Tobgay, Jigme Thinley, percorreu o mundo promovendo o índice de felicidade, algo que o tornou popular entre acadêmicos ocidentais, mas não igualmente benquisto no Butão.

"Em lugar de falar sobre felicidade, queremos trabalhar para reduzir os obstáculos a ela", explicou Tobgay. Esses obstáculos incluem a dívida nacional crescente e um alto índice de desemprego. A infraestrutura butanesa continua extremamente precária. Uma geração mais jovem e urbanizada está se recusando a trabalhar na construção. "A verdade é que temos que nos esforçar mais", disse Tobgay. "Precisamos cultivar nossos próprios alimentos e construir nossas próprias casas."

As principais fontes de renda do país são a energia hidrelétrica, que o Butão exporta à Índia, e o turismo. Enquanto a maior parte da população ainda pratica a agricultura de subsistência, mais e mais pessoas se mudam para as cidades.

Na capital nacional, Timfu, todas as construções precisam obrigatoriamente incorporar elementos da arquitetura butanesa tradicional, como telhados íngremes, janelas de estilo particular e projeções no piso superior.

Entretanto, Tobgay eliminou alguns dos costumes restritivos impostos pelo governo anterior, entre os quais as proibições ocasionais do tráfego de veículos e a exigência de que os homens usassem o "ghos", traje tradicional que lembra um vestido.

A família real butanesa ainda é reverenciada. Mas as muitas e crescentes instituições democráticas e educacionais do Butão levaram o país a cair nas graças de organizações que financiam o desenvolvimento.

Tobgay declarou que uma de suas principais prioridades é combater a corrupção. "Se a corrupção deitar raízes de modo sorrateiro, estaremos acabados", explicou. "Precisamos garantir o respeito às leis."

Filho de um soldado, ele estudou numa escola interna nas proximidades de Darjeeling, na Índia, e se formou em engenharia mecânica pela Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia. Foi funcionário público do Departamento de Educação do Butão até entrar para a política, em 2007. É casado e tem dois filhos.

Jigme Thinley, o premiê anterior, teve discussões com a China, fato que alarmou a Índia. Já Tobgay expressou uma preferência clara pela Índia, que presta assistência financeira ao Butão.

"A amizade entre a Índia e o Butão transcende a política partidária e as personalidades", disse ele. Indagado sobre o país vizinho a leste, seu rosto se anuviou. "Nós nos relacionamos com a China. Essa é uma realidade."


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