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New York Times

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Empresa de transporte trilha caminho tortuoso

Por DAVID STREITFELD

SAN FRANCISCO - Travis Kalanick, impetuoso e agressivo mesmo para os padrões do Vale do Silício, criou a Uber quatro anos atrás para revolucionar o setor de táxis. Em mais de 60 cidades, de San Francisco a Berlim, a empresa está fazendo exatamente isso. Qualquer pessoa com um smartphone pode usar o programa da Uber para chamar um táxi. Chega de ficar parado na esquina embaixo de chuva, tentando desesperadamente atrair uma coisa que não existe. Por essa realização, a Uber é avaliada em US$ 4 bilhões.

Subitamente, porém, Kalanick está um pouco preocupado. A Uber foi processada por seus motoristas, que dizem que ela rouba suas gorjetas. As concorrentes pressionam por todos os lados. E os passageiros geralmente se queixam dos preços.

Muito pior, há questionamentos sobre a qualidade dos motoristas, principalmente depois que um deles atropelou uma família sobre uma faixa de pedestres em San Francisco, matando uma menina de seis anos.

A Uber e suas imitadoras organizam transporte, refeições ou roupa lavada em troca de uma comissão. Diferentemente do Facebook ou do Twitter, que prosperam nos limites seguros do ciberespaço, essas start-ups vivem nas ruas -um lugar muito mais confuso.

Reguladores, tribunais e governos locais estão lutando para definir a Uber. É uma companhia de táxis ou uma plataforma tecnológica? Os motoristas, que costumam usar seus próprios veículos, são empregados, como alguns afirmam no tribunal, ou "parceiros" -isto é, autônomos-, como afirma a Uber?

A Uber se compara ao site de leilões eBay, que conecta um comprador a um vendedor, mas não é responsável pelo que acontece entre eles. Regulamentar a Uber sufocaria a inovação, disse a companhia à Comissão de Utilidades Públicas da Califórnia.

A comissão, que supervisiona empresas de limusines, decidiu em setembro que a Uber é uma empresa de transporte sujeita a regulamentação. A Uber está recorrendo. A questão é premente porque, enquanto a companhia se expande e os motoristas da Uber inundam as ruas, a possibilidade de acidentes aumenta. Quem é responsável quando alguma coisa dá errado?

O motorista da Uber que atropelou e matou Sofia Liu, de seis anos, e feriu sua mãe e seu irmão foi preso sob suspeita de homicídio veicular culposo.

"Nós desativamos sua conta na Uber", disse a empresa em um comunicado. Mas, segundo a companhia, o motorista, Syed Muzaffar, não estava com um passageiro em seu Honda Pilot no momento do acidente, e portanto este não teve nada a ver com a Uber. O advogado de Muzaffar disse que isso é mentira. "Ele estava trabalhando para a Uber."

Kalanick não quis discutir o acidente, exceto em termos gerais. "Nós trabalhamos muito para ir além do que é esperado até pelos reguladores, incluindo seguro e verificação da ficha criminal", disse ele. "Por isso pergunto: a Uber fez algo de errado?" Alguns dizem que sim.

Em janeiro, a Uber disse aos motoristas de San Francisco que eles tinham de passar por uma nova verificação de antecedentes policiais.

A Associação de Motoristas de Táxi de San Francisco, que está perdendo motoristas para a Uber, ofereceu condolências à família de Sofia em seu site. "A Uber pode ser a próxima Amazon, mas a Amazon não tem o mesmo potencial de deixar um rastro de cadáveres na rua", escreveu em um e-mail Trevor Johnson, diretor da associação.

Os motoristas que usam seus próprios carros estão em uma posição incerta quanto ao seguro, disse Kara Cross, da Federação de Seguros Pessoais da Califórnia. Em um acidente, "se outro motorista é responsável, o passageiro teria de contar com o seguro do outro motorista, supondo que exista", disse ela.

Os motoristas moveram uma ação contra a Uber em agosto, alegando que a empresa diz aos passageiros que a gorjeta está incluída na tarifa, mas que ela nunca é enviada aos motoristas. O juiz decidiu em dezembro que o caso poderia seguir adiante.

Enquanto isso, a Uber procura mais motoristas. A companhia pediu desculpas recentemente por solicitar cem carros de uma concorrente de Nova York e depois cancelar. O objetivo da Uber era conseguir os telefones dos motoristas e convencê-los a trabalhar para a companhia. Ela admitiu: "Foi agressivo demais".


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