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New York Times

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Bolívia vira nova 'queridinha' do FMI

Por WILLIAM NEUMAN

LA PAZ, Bolívia - À sombra de seus vizinhos mais populosos e prósperos, a pequena e pobre Bolívia, outrora um caos econômico perene, tornou-se uma exceção à regra -desta vez, no bom sentido.

Sua economia cresceu 6,5% no ano passado, um dos índices mais fortes na região. A inflação foi mantida sob controle. O Orçamento está equilibrado, e a dívida do governo, até então incapacitante, foi reduzida.

Além disso, o país tem um fundo de reserva em moeda estrangeira tão grande -para o tamanho de sua economia- que pode ser invejado por quase qualquer outro no mundo.

"De certa forma, a Bolívia tem sido um caso atípico", disse Ana Corbacho, chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) no país. "A tendência geral é uma previsão de menos crescimento, exceto para a Bolívia."

A Bolívia tomou um caminho improvável para se tornar a "queridinha" de instituições financeiras internacionais como o FMI. Seu presidente, o socialista Evo Morales, critica frequentemente o capitalismo e alguns de seus defensores mais ardentes, como as grandes corporações, o FMI e o Banco Mundial. Ele nacionalizou o setor de petróleo e gás após tomar posse em 2006 e desapropriou mais de 20 empresas privadas.

Recentemente, o FMI e o Banco Mundial elogiaram o que chamam de políticas macroeconômicas "prudentes" de Morales.

Embora Morales continue firmemente no lado esquerdista da América Latina, em muitas questões econômicas ele se encaixa em uma tendência mais ampla que se distancia da rigidez ideológica da região.

Em um passado não muito distante, a Bolívia era um ponto focal de instabilidade política e econômica. E embora ainda seja o país mais pobre da América do Sul, muita coisa mudou.

O crescimento econômico no ano passado foi o mais forte em três décadas, segundo o FMI, e veio a reboque de vários anos de crescimento saudável. O segmento da população que vive na extrema pobreza caiu de 38% em 2005 para 24% em 2011.

Ainda há muita miséria, mas a transformação econômica é bastante visível, seja em florescentes mercados urbanos ou nos novos tratores que substituem os animais nas lidas agrícolas.

Em El Alto, cidade de trabalhadores empoleirada sobre a capital, os novos-ricos ostentam seu êxito em mansões de cores vivas. Outra novidade: a proliferação de padarias que vendem bolos elaborados, um sinal de que até os mais pobres têm dinheiro extra para gastar.

Um dos fatos mais surpreendentes é a maneira como a Bolívia acumulou moeda estrangeira, constituindo um fundo para emergências de cerca de US$ 14 bilhões, equivalente a mais da metade de seu PIB ou a 17 meses de importações, o que pode ajudá-la a enfrentar tempos de dificuldades econômicas.

Morales se beneficiou de ser presidente em uma época de preços altos das matérias-primas, que conduziram o crescimento econômico daqui e de muitos países da região.

Em uma medida altamente polêmica, ele nacionalizou o setor de energia, assumindo maior participação nas empresas que extraem gás no país e exigindo uma parcela maior dos rendimentos. Isto aumentou significativamente a receita do governo, dando-lhe o dinheiro para arcar com programas sociais como ajuda a jovens mães, melhores aposentadorias e projetos de infraestrutura.

Em geral, Morales ganha boas notas pela maneira como tem lidado com os ganhos inesperados, mas há preocupações. Tanto o FMI quanto o Banco Mundial afirmam que é preciso fazer muito mais para estimular investimentos privados.

Certa vez, Morales disse que o Banco Mundial tentou chantageá-lo para mudar suas políticas econômicas.

Em um discurso em dezembro de 2012, ele pediu o desmantelamento do "sistema financeiro internacional e seus satélites, o FMI e o Banco Mundial".

No entanto, sua atitude em relação ao banco parece ter mudado em julho, em um evento para anunciar um projeto do Banco Mundial destinado a apoiar os produtores de quinoa.

"O Banco Mundial não mais chantageia nem impõe condições", disse Morales, segundo uma publicação no site do banco. Para comemorar, ele participou de uma partida amistosa de futebol com o presidente do banco, Jim Yong Kim.

Colaborou Monica Machicao


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