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New York Times

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Nova lei para marfim irrita colecionadores

Por TOM MASHBERG

As novas regras adotadas nos Estados Unidos para bloquear a venda de marfim, visando proteger elefantes ameaçados de extinção, estão provocando comoção entre músicos, antiquários, colecionadores de armas e milhares de outras pessoas cuja possibilidade de vender, consertar ou viajar com objetos de marfim adquiridos legalmente passará a ser proibida.

O guitarrista e ganhador do Grammy Vince Gill, dono de 40 violões clássicos Martin, com cravelhas e cavaletes de marfim, disse que está com medo de levar seus instrumentos para o exterior. O advogado Floyd Sarisohn, de Commack, Nova York, disse que será impedido de leiloar centenas de tabuleiros de xadrez com peças antigas de marfim, que ele coleciona há décadas.

"A mudança me pegou desprevenido", disse o leiloeiro nova-iorquino Lark Mason, que há três décadas se especializou em antiguidades em marfim. "Todos queremos salvar os elefantes", prosseguiu. No entanto, ele duvida que "proibir a venda de um vidro de rapé do século 18", entre milhões de outras antiguidades, vai ajudar nesse sentido.

As novas regras proíbem americanos de importar e, com pouquíssimas exceções, exportar qualquer objeto que contenha marfim, mesmo que em quantidade minúscula. Elas não proíbem a posse de objetos de marfim por particulares, mas tornam ilegal a venda interestadual de objetos de marfim, exceto se as vendas satisfizerem critérios que os vendedores descrevem como impossíveis de atingir.

Representantes do Serviço de Pesca e Fauna dos EUA, que pretende implementar as novas normas até junho, disseram que medidas drásticas são necessárias para frear a matança de elefantes. Hoje os animais não passam de meio milhão, e conservacionistas dizem que até 35 mil morrem anualmente para alimentar o mercado negro mundial de presas de marfim.

"O mercado americano está contribuindo para a crise que agora ameaça a sobrevivência do elefante africano", disse ao Congresso o diretor do Serviço de Pesca e Fauna, Daniel M. Ashe. Segundo autoridades do setor, apenas a China tem um mercado legal de marfim maior que o americano. Agentes federais dizem que, nos últimos 25 anos, apreenderam quase cinco toneladas métricas de marfim trazidas ilegalmente para os EUA.

Kimball M. Sterling, de Johnson City, Tennessee, compra e vende bengalas antigas de marfim. Ele disse que alguns de seus clientes estão "chorando" porque as coleções de muitos milhões de dólares que esperavam deixar para seus herdeiros estão prestes a perder seu valor.

Entre os grupos que se opõem às novas normas estão a Associação Nacional de Fabricantes de Instrumentos Musicais, a Liga de Comerciantes de Arte e Antiguidades da América e a Associação Nacional de Rifles. Os críticos dizem que as normas são confusas, injustas e deveriam ser revistas para levar em conta o marfim que chegou ao país há muito tempo.

Mary Luehrsen, diretora de assuntos públicos da associação de fabricantes de instrumentos musicais, disse que muitos músicos deixaram de usar instrumentos contendo marfim ainda na década de 1970, devido à crise dos elefantes. Mas centenas de milhares de violões, arcos de violinos, instrumentos de sopro de madeira e outros instrumentos antigos, muitos dos quais valem dezenas de milhares de dólares, agora não poderão mais ser revendidos.

Numa audiência realizada em Washington para discutir as novas normas, alguns críticos questionaram se a criminalização do mercado civil de marfim será tão eficiente quanto ajudar países africanos a proteger os elefantes e punir os caçadores ilegais. Mas as autoridades dizem que a redução da demanda vai reduzir a caça ilegal.

Colaborou Eve M. Kahn


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