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New York Times

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Mike Myers dirige seu primeiro filme

Por DAVE ITZKOFF

Usando sua aptidão burilada para examinar e imitar, Mike Myers tornou-se um dos comediantes de maior sucesso de sua era, primeiro no programa "Saturday Night Live" e nos filmes "Quanto Mais Idiota Melhor", depois como o agente secreto irreverente da série "Austin Powers" e a voz do ogro incompreendido nos filmes animados "Shrek".

Mas nos cinco anos após a performance medíocre de seu filme "O Guru do Amor", de 2008, parecia que Myers tinha mergulhado na clandestinidade.

Agora ele está de volta de modo igualmente surpreendente com um novo filme: "Supermensch - A lenda de Shep Gordon".

O filme vai estrear em junho nos Estados Unidos e é a estreia de Myers na direção, mas não é, estritamente falando, uma comédia.

É um documentário sobre Shep Gordon, representante artístico que trabalhou com Alice Cooper, Teddy Pendergrass e outros artistas e viveu um estilo de vida rock'n'roll hedonístico, antes de voltar-se à espiritualidade e ao altruísmo.

Para Myers, "Supermensch" não é apenas a história de um veterano peculiar do show business com trajetória inesperada, mas também a de um cineasta idiossincrático para quem o reconhecimento amplo era uma aberração, não uma meta.

"Eu não tenho uma carreira normal", comentou Myers. "Nunca tive e nunca terei, e me alegro com isso desde o começo. É um mundo de bizarrice."

Quando semiadulto, Myers, 51, tornou-se um excêntrico agradável, suavemente falador e efusivo. Ele fez 18 anos numa Toronto obcecada com a cultura popular.

Num momento crucial de sua vida, passou para o curso de cinema na Universidade York, de Toronto, no mesmo dia em que foi contratado pela trupe cômica Second City.

Myers chegou ao "Saturday Night Live" em 1989 e construiu um elenco de personagens esdrúxulos, como o apresentador de talk-show expressionista alemão Dieter ou o menino banhista britânico Simon.

Ele criou os filmes "Austin Powers", que arrecadaram US$ 675 milhões (R$ 1,49 bilhão) com a venda de ingressos em todo o mundo, e estrelou os filmes "Shrek", com receita bruta de US$ 2,95 bilhões (R$ 6,52 bilhões).

Myers disse que o fracasso comercial de "O Guru do Amor", que mal rendeu US$ 40 milhões (R$ 88,4 milhões), não o assustou.

(A.O. Scott escreveu no "New York Times" que o filme é "antidivertido, uma experiência que faz você se perguntar se algum dia vai voltar a dar risada".) "Não foi bem recebido, não há como esconder", comentou Myers. "Eu realmente fiz de tudo."

Ele comentou que o que sempre o interessou em Shep Gordon "é que ele não buscou a fama, mas trabalhou nos campos da fama."

"Em todas as histórias dele, me ocorreu que a fama é a doença industrial da criatividade. A fama possui uma toxicidade que exercerá prejuízo reprodutivo."

Shep Gordon, 68, um homem alto e magro que hoje vive em Maui, no Havaí, contou que resistiu às súplicas de Myers enquanto refletia se queria expor sua vida ao olhar público.

"Eu não queria lidar com a bagagem toda que acompanha o fato de tornar-se conhecido", falou Gordon, que, no filme, compartilha histórias sobre usar drogas com Pendergrass e preparar o café da manhã para o dalai-lama, líder espiritual do Tibete. "Não foi assim que ganhei a vida. Não há nada relativo à fama que tenha visto de que eu goste."

"Supermensch" mistura imagens de arquivo, entrevistas novas e encenações cômicas. O filme já foi mostrado no Festival Internacional de Cinema de Toronto, no festival South by Southwest e em outros lugares; uma resenha no "Hollywood Reporter" o descreve como "interessante e ágil", mas disse que "a inexperiência de Myers como cineasta é visível na narrativa pouco fluente".

Perguntado se um artista que tem tanta escolha e liberdade quanto ele corre o risco de criar nada, Mike Myers deu uma resposta críptica que pareceu significar um "não". "Se você está na mentalidade da possibilidade, não está na mentalidade do déficit. Se você está na possibilidade de criar, não está na possibilidade de levar embora."


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