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New York Times

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China tenta garantir seu futuro energético

País tenta saciar apetite por petróleo, gás e carvão

Por CLIFFORD KRAUSS e KEITH BRADSHER

Seja por meio de diplomacia, investimento ou força, a China está se empenhando ao máximo para suprir sua crescente demanda por energia.

O governo chinês mostrou esse desejo quando fechou um acordo de 30 anos com a Rússia envolvendo gás natural e no tenso embate com o Vietnã motivado por uma plataforma chinesa de extração de petróleo no disputado mar do Sul da China.

Ambos os acontecimentos demonstram a atuação vigorosa de Pequim na busca por energia, estratégia política e econômica com implicações importantes para o restante do mundo.

"O crescimento dinâmico da economia chinesa está remodelando o mercado global de fontes de energia. As implicações econômicas e estratégicas disso ainda estão se delineando", disse Mark J. Finley, gestor-geral da BP para mercados de energia globais e economia dos Estados Unidos.

A única opção da China é suprir suas necessidades de energia indo além de suas fronteiras. Segundo a Opep, a China consumiu 10,1 milhões de barris de petróleo por dia no ano passado -um nono do total mundial-, mas só produziu 4,2 milhões de barris por dia.

A China tem obtido resultados variáveis com a extração em plataformas marítimas e tem sido lenta ao explorar os supostamente vastos recursos de gás de xisto domésticos.

Esses depósitos no subsolo são bem mais profundos que os dos EUA e ficam em formações geológicas ainda pouco estudadas.

Atualmente a China tem operações, investimentos ou projetos de energia na África, no Oriente Médio e nas Américas do Sul e do Norte.

Sua demanda também deu um alento a produtores de carvão seriamente afetados pela queda da demanda nos Estados Unidos e em outros países industrializados.

A dependência da China por importações envolve desafios de política externa. Ou seja, o país precisa recorrer a áreas instáveis do mundo para suprir suas necessidades.

A China importa grande parte de seu petróleo da região do golfo Pérsico e pelo estreito de Ormuz, onde a segurança está a cargo da Marinha dos Estados Unidos. A China conta com cerca de 500 mil barris por dia do Irã.

No entanto, as sanções americanas ao Irã tornaram esse país uma fonte menos confiável de petróleo. Ao mesmo tempo, a China tem recebido remessas menores de petróleo bruto da Líbia, do Sudão e do Sudão do Sul. O Departamento de Energia dos EUA relatou recentemente que a China substituiu com presteza essas fontes em declínio por importações de Omã, Emirados Árabes Unidos, Angola, Venezuela, Rússia e Iraque.

As relações da China com países ricos em energia variam muito. A situação no Vietnã parece extrema, com navios de ambos os países se atacando, e as forças navais chinesas usando canhões de água contra as vietnamitas. As reivindicações da China por águas asiáticas sob disputa despertaram protestos de seus vizinhos, assim como do governo Obama.

Mas no Iraque, onde a China é o maior cliente de petróleo e as petroleiras chinesas investem pesadamente em alguns dos maiores campos petrolíferos, os chineses preferem não se envolver nos conflitos sectários do país. Nem parecem ansiosos para desafiar a influência dos EUA na região.

A China também se tornou um ator importante na América Latina, área tradicionalmente muito influenciada pelos EUA. A China está estreitando laços com os governos de ideologia socialista do Equador e da Venezuela, os quais são financiados pelo petróleo e buscam se distanciar dos EUA.

No Equador, a China virou uma espécie de banco para o governo, concedendo empréstimos que beiram 60% do que a administração precisa, em troca de remessas de petróleo. Empresas chinesas vendem petróleo equatoriano pelo mundo, incluindo para os EUA.

A petroleira estatal da Venezuela está saldando uma dívida com a China, de US$ 40 bilhões em empréstimos feitos nos últimos seis anos, com uma grande parcela de seus 600 mil barris de petróleo exportados por dia.

A África é um lugar mais difícil para investir e mostra os limites da influência chinesa. No ano passado, o Chade suspendeu por tempo indeterminado as atividades da estatal Empresa Nacional de Petróleo da China devido a vazamentos de petróleo ao sul da capital, N'Djamena. Funcionários do governo do Chade afirmaram que os chineses obrigaram trabalhadores locais a limpar as águas sem proteção adequada.

A Sinopec, subsidiária de outra petroleira chinesa, foi forçada a pagar US$ 400 milhões ao Gabão em janeiro para resolver o que o governo disse ser uma violação de contrato em um campo petrolífero em sua costa. O primeiro-ministro Li Keqiang destacou o interesse duradouro da China pela África visitando quatro países em maio, incluindo Angola e Nigéria, que são ricas em petróleo.

O novo acordo de gás com Moscou deverá reforçar a Rússia e a China em termos econômicos e políticos. Isso ajudará Pequim a diminuir sua dependência de rotas de trânsito inseguras e países instáveis. E também garantirá um mercado de energia para a Rússia se a Europa quiser substituir a energia russa por importações de outros países.

A partir de 2018, a Rússia poderá fornecer 38 bilhões de metros cúbicos de gás natural anualmente -ou seja, mais de 15% da demanda atual- para a China. Talvez o aspecto mais importante do acordo seja possibilitar que a China use menos carvão e gere mais energia elétrica com gás natural.

"A população chinesa vai apreciar a capacidade de se industrializar sem ondas de névoa tóxica", disse Jim Krane, especialista em energia na Universidade Rice em Houston.

"E o mundo aplaudirá a redução das emissões de gás carbônico se o gás mais limpo puder diminuir drasticamente o consumo de carvão na matriz energética da China."


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