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Espanhóis questionam monarquia

Espanhóis exigem um plebiscito sobre a monarquia

Por RAPHAEL MINDER

MADRI - Não há dúvidas de que o rei Juan Carlos teve um papel essencial na condução da Espanha à democracia e mais tarde permaneceu uma voz respeitada de sua nação no exterior, fornecendo o bálsamo para curar antigas feridas e mediar disputas domésticas.

No entanto, seu pronunciamento no dia 2 de junho, em que anunciou que iria abdicar em favor do seu filho Felipe, 46, imediatamente suscitou dúvidas sobre a necessidade de uma monarquia. Apenas algumas horas depois de o rei falar à nação, milhares de espanhóis foram às ruas exigindo um plebiscito sobre essa instituição.

Pouco menos de 50% dos espanhóis disseram apoiar a monarquia, de acordo com uma pesquisa publicada em janeiro pelo jornal conservador "El Mundo".

Esses sentimentos divididos refletem o desafio que o novo rei enfrentará na restauração de uma instituição cujo índice de aprovação foi terrivelmente desgastado por escândalos recentes e por questionamentos sobre o alto nível de vida da realeza no momento em que os espanhóis estavam passando pela pior crise econômica em gerações.

A coroação de Felipe deve "ajudar a diminuir os sentimentos antimonárquicos no país", declarou José Antonio Zarzalejos, colunista de política defensor da monarquia. "O movimento republicano teria se fortalecido caso o rei Juan Carlos insistisse em permanecer no trono, mas agora estamos falando de um novo rei, que chega com uma trajetória completamente nova e está sintonizado com as questões de nossa época".

Mesmo assim, os problemas recentes do rei de 76 anos foram além da idade e de questões de saúde, colocando o dedo na ferida no privilégio que isolou as elites da Espanha dos pesares da austeridade, enquanto aumentava a desigualdade de renda no país. Entre os principais problemas do rei, havia uma investigação para saber se seu genro, Iñaki Urdangarin, se apropriou de milhões de euros de eventos esportivos. A família real espanhola já ficou mais transparente em relação a seus gastos.

Em fevereiro, ela divulgou um orçamento anual de 7,8 milhões de euros (cerca de 10,6 milhões de dólares), uma queda de 2% em relação a 2013.

O orçamento incluía um salário de quase 400 mil dólares para Juan Carlos e metade desse valor para seu filho. Porém, a família real não revelou o valor de seus bens. Tampouco forneceu o mesmo nível de detalhe encontrado na Inglaterra, onde os gastos reais são disponibilizados ao público detalhando até os custos de lavanderia.

Entre os defensores do plebiscito está o Podemos, partido novo no cenário político e contrário às instituições oficiais, que conquistou quase 8% dos votos dos espanhóis nas eleições do mês passado para o Parlamento Europeu. Mas o primeiro-ministro Mariano Rajoy disse que esse plebiscito exigiria uma alteração da Constituição.

A abdicação de Juan Carlos segue as que aconteceram no ano passado tanto na Holanda quanto na Bélgica. A Espanha, porém, é diferente, declarou Mary Vincent, diretora de História Europeia Moderna da Universidade de Sheffield.

"É a única monarquia no sul da Europa, região particularmente afetada pela crise financeira", declarou. "Eu não esperava que isso se refletisse em países prósperos ao norte".

Juan Carlos projetou a impressão de uma "vida aristocrática privilegiada", completou. Helena Fernández de Bobadilla, espanhola que trabalha em Londres, disse acreditar que a monarquia é "obsoleta".

"Os cidadãos espanhóis deveriam ter o direito de votar sobre qual caminho querem seguir. A monarquia deveria conquistar o direito de governar de forma democrática", afirmou.

"Infelizmente, a família real espanhola nos decepcionou muito ultimamente".


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