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New York Times

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Japão tenta enfraquecer popularidade de minicarros

Por HIROKO TABUCHI

SHINSHIRO, Japão - O "kei" de Toshie Yamada, com motor e rodas minúsculos, mais parece um carro de brinquedo.

No entanto, esse microfurgão Nissan NT 100 Clipper não deve ser subestimado. Em uma feira agrícola recente, onde vende orquídeas, Yamada empilhou uma montanha de caixotes, baldes e uma mesa dobrável dentro do kei na hora de ir embora.

"Os keis são o carro número um", disse Yamada. "Carros grandes dão muito trabalho."

Os keis estão mais populares do que nunca, graças aos altos preços da gasolina no país, a um sistema fiscal preferencial e a uma recuperação econômica irregular que aumentou muito o preço dos carros. Os keis são extremamente econômicos em termos de consumo de combustível, assim como os Prius, mas custam a metade do preço. No ano passado, 40% de todos os carros novos vendidos no Japão foram keis.

No entanto, a indústria automobilística e o governo estão cada vez mais temerosos de que esses minicarros atrapalhem as montadoras do país, que ainda são os pilares da economia, e estão tentando fazer os motoristas a abrir mão deles. Em abril, o governo assumiu o que seus críticos acusam de linha dura. Proprietários de keis foram atingidos triplamente pela alta dos impostos sobre vendas em geral, sobre a gasolina e sobre as vendas desse modelo de carro, sendo que no último caso o governo estipulou um aumento de 50%.

Produzido por algumas das maiores montadoras do Japão, incluindo Nissan, Honda, Suzuki e Daihatsu, o kei não é fabricado para exportação, em grande parte devido a seu tamanho pequeno e à falta de equipamentos de segurança exigidos no exterior.

Limitados por lei a apenas 0,66 litro, os motores são semelhantes aos de motocicletas de porte médio. "Durante anos, o kei foi o carro popular no Japão", disse Mitsuhisa Yokoyama, analista da SC-ABream Automotive Consulting em Tóquio. "Mas agora seu reinado acabou."

Os japoneses, porém, adoram seus keis. Em regiões rurais como Shinshiro, a baixa renda e o transporte público escasso tornaram os minicarros necessários. Aqui, estima-se que três quartos das famílias tenham um carro kei, e a proporção chega a quase 100% em certas partes do país.

Mulheres que dirigem keis em Shinshiro disseram que seus maridos usam carros de tamanho padrão, mas que as famílias têm dificuldade para comprar um segundo carro padrão. "Eu não sei o que faria sem meu kei", comentou Yui Shirai, que depende de seu Tanto, fabricado pela Daihatsu, para ir trabalhar na fazenda de chá de seus pais.

Shirai disse que talvez não pudesse trabalhar se o kei não fosse tão barato e consumisse pouco combustível.

"Antigamente, as pessoas costumavam dizer que se conformariam com um kei", disse Aritaka Okajima, porta-voz da Suzuki. "Agora elas desejam um kei."

Mesmo assim, o futuro é incerto para os microcarros no Japão. O presidente da Daihatsu, Masanori Mitsui, advertiu que a empresa prevê uma queda nas vendas do kei. Os novos impostos sobre o modelo estão impulsionando um debate sobre o que alguns japoneses veem como um abismo crescente entre as classes abastadas e as pobres, devido às reformas econômicas do premiê Shinzo Abe.

Takeshi Suzuki, aposentado que mora em Shinshiro e vende café na traseira de sua minivan Mitsubishi Minicab, disse que a alta nos impostos sobre keis acabarão com o empreendedorismo japonês."Os keis são os melhores amigos dos trabalhadores", disse ele. "Como podem fazer isso?"


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