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Diário de Londres

Taxidermia reconquista britânicos

Por KIMIKO DE FREYTAS-TAMURA

LONDRES - "Agora puxem a pele para cima, cobrindo o crânio como um capuz", disse Margot Magpie aos alunos. Cada um deles segurava um bisturi em uma mão e, na outra, um camundongo eviscerado. "Meu ratinho está com a pata pendurada por um fio", falou um dos alunos. Magpie respondeu: "Se vocês arrancarem uma pata sem querer, colem de volta com Super Bonder."

O curso Anthropomorphic Mouse mescla taxidermia com artes e ofícios para principiantes. A finalidade é criar cenas que pareçam saídas dos livros "Peter Rabbit", de Beatrix Potter, em que animais usam roupas e fazem piqueniques. Para alguns, o curso é de mau gosto. Para outros, é um hobby muito britânico.

A assistente social Lily Yourell disse que quer aprimorar sua habilidade para que possa trabalhar com camundongos e outros animais maiores em casa. "Meus colegas acham que é meio estranho", admitiu. "Mas é legal brincar como se fosse com uma casinha de bonecas."

O curso foi lançado há um ano e meio, e as vagas se esgotam com meses de antecedência. Magpie, 31, é ex-enfermeira veterinária e percorre o país para dar o curso. Ela começou a usar um pseudônimo depois de receber ameaças de morte. "Acho que as pessoas se interessam pelo bizarro", disse.

Para ela, existe um tabu em torno de animais mortos, o que torna as aulas mais emocionantes. As pessoas querem ter "uma experiência em primeira mão com a morte". "Vestir a morte numa fantasia é uma forma de fazer o animal reviver de outra maneira."

No curso para iniciantes, de quatro horas, aprende-se a tirar a pele dos camundongos, que são comprados congelados. As peles são lavadas, secas, tratadas com conservantes e preenchidas com algodão e arame, antes de serem costuradas outra vez.

A taxidermia teve sua época áurea nos tempos vitorianos, mas caiu em desuso após a Segunda Guerra Mundial.

Magpie não é a única a ensinar taxidermia. A Academia de Taxidermia de Londres foi aberta em 2010 com um grande workshop de taxidermia de aves, ampliado pouco depois para incluir toupeiras, raposas e gerbos. A Curious Menagerie seguiu seu exemplo em 2012, abrindo cursos.

Todo um ramo de atividade surgiu na intersecção entre taxidermia e moda. Magpie vende clipes e faixas de cabelo enfeitados com ratinhos para clientes no Reino Unido, na Irlanda e na Alemanha. Há interesse renovado por Walter Potter, pioneiro da taxidermia antropomórfica na era vitoriana. Potter, que morreu em 1918, se popularizou por seus quadros pitorescos com animais empalhados em ambientes humanos.

De volta à aula de Magpie, o bancário Alastair Metcalf disse, enquanto colava um chapéu na cabeça de um camundongo: "Trabalhar em um banco é interessante, mas não tanto quanto isto".


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