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New York Times

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História de gravadora confunde-se com a da salsa

Por LARRY ROHTER

Desde o início, o estilo de música latina conhecido como salsa tinha raízes em Nova York.

A salsa foi criada por músicos que, embora em sua maioria tivessem origens caribenhas, viviam na cidade e gravavam em estúdios locais para uma gravadora que também nasceu nova-iorquina: a Fania Records.

A Fania Records conquistou seu lugar na história da música ao levar a salsa ao mundo. Mas é sua conexão com Nova York que torna apropriado que uma série de shows programados para o terceiro trimestre deste ano no Central Park tenham por foco o 50° aniversário da gravadora.

Até agosto, alguns dos maiores nomes da era dourada da Fania se apresentarão em shows grátis, entre eles Roberto Roena, Ismael Miranda e Joe Bataan. A influência da gravadora também será inspiração para DJs e e shows nas casas noturnas da cidade, no mesmo período.

"Todos os dançarinos de salsa, as convenções internacionais de salsa, as escolas que ensinam salsa -tudo isso existe por causa daquilo que começamos", diz Miranda, cantor criado no Lower East Side de Nova York.

A Fania foi fundada por dois homens: Johnny Pacheco, nascido na República Dominicana, que toca percussão e sopros e foi líder de muitas bandas, e Jerry Masucci, advogado e ex-policial de origem italiana, nascido no Brooklyn, que se apaixonou pela música latina em uma viagem a Cuba. Masucci morreu na Argentina em 1997, aos 63 anos, mas Pacheco continua ativo e recorda os dias em que carregava os discos da Fania para tentar convencer as lojas de discos a colocá-los à venda.

"Nossa fábrica ficava no Bronx, e pegávamos os discos disponíveis e saíamos distribuindo às lojas de discos da rua 42 e da Quinta Avenida. Nosso orçamento era baixo, no começo, e por isso fazíamos tudo sozinhos".

Não demorou para que a Fania começasse a assinar com os maiores talentos entre os jovens músicos latinos de NY. "Jerry e Johnny nos davam a liberdade de tocar o que quiséssemos", conta Roena. "Isso levou a muitos discos de sucesso".

A ascensão da Fania também coincidiu com um momento de avanço no orgulho étnico latino. "Soy Boricua" [sou portoriquenho], de Bobby Valentín, "tornou-se uma espécie de hino nacional", conta, e álbuns de sucesso por músicos como Rubén Blades e o pianista Eddie Palmieri ofereciam comentários políticos mordazes.

Os artistas da Fania se aperfeiçoaram como músicos em casas de dança de toda a cidade. "Masucci sempre teve essa visão de que era preciso crescer", conta Valentín, o que resultou em sucesso mundial, primeiro com discos ao vivo gravados no Red Garter e Cheetah e depois com o documentário "Our Latin Thing", de 1972. O foco estava no Fania All Stars, orquestra e grupo de cantores formados para acompanhar e expor o repertório de todos os astros da casa.

O tributo à Fania no Central Park se encerrará em 24 de agosto com um show da Fania All Stars. A data também marca um dos grandes triunfos da Fania, um show que levou quase 50 mil espectadores ao Yankee Stadium em 1973.

"A Fania teve um começo difícil, mas se transformou em gigante", diz Valentín. "Não há nada hoje que se compare".


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