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New York Times

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Britânicos tiram livros das prisões

Por STEPHEN CASTLE

LONDRES - Preso por falsear uma prestação de contas, o ex-parlamentar britânico Denis MacShane sofreu outro revés ao chegar à lúgubre penitenciária de Belmarsh, na zona sudeste de Londres, onde funcionários confiscaram uma sacola de livros que ele havia trazido. Quando MacShane questionou a decisão, o agente penitenciário respondeu: "Não pergunte a mim; pergunte a Chris Grayling".

Grayling é secretário de Justiça do governo britânico, e, em novembro passado, seu departamento endureceu as regras relativas aos privilégios dos detentos. Uma das mudanças foi restringir a entrada de livros nas prisões, vetando pacote de livros trazidos ou enviados por parentes e amigos.

O objetivo é favorecer um sistema em que os detentos sejam obrigados a ler as obras da biblioteca prisional ou conquistar o direito de adquirir livros graças ao seu bom comportamento. Grayling está agora no centro de uma disputa sobre crime e castigo.

Ele também arranjou inimigos bastante criativos. Escritores como Kathy Lette e Margaret Drabble ameaçam batizar alguns de seus mais perversos e malfadados personagens com o nome de Grayling. "Vamos empalá-lo com a ponta das nossas canetas", disse Lette.

O Ministério de Justiça diz que os prisioneiros precisam de incentivos como parte de sua reabilitação e devem conquistar os privilégios. Mas os críticos não estão convencidos. Mais de 40 personalidades do mundo artístico assinaram uma carta de protesto.

Na metade de seu novo romance, com o título provisório "Death by Fire" (morte pelo fogo), Drabble disse ter tido bastante tempo para criar um personagem chamado Chris Grayling, acrescentando que talvez "ele possa morrer queimado". Já o dramaturgo David Hare disse que o acesso à literatura "é um direito, não um privilégio".

Grayling recebeu algum apoio, como o de Peter McParlin, presidente do conselho da Associação de Agentes Penitenciários. Mas mesmo a solidariedade dele teve limites. Os cortes orçamentários destruíram o objetivo assumido de alcançar "uma revolução na reabilitação", segundo ele.

Críticos dizem que a iniciativa de Grayling foi motivada pelo desejo de agradar a um segmento de seu Partido Conservador que deseja leis mais rígidas e políticas de ordem.

MacShane, que foi libertado em fevereiro, disse que só voltou a reencontrar os seus livros quando foi transferido para outra prisão, a de Brixton, após passar três semanas em Belmarsh. Mas MacShane disse que nunca teve a chance de visitar a biblioteca de Belmarsh, porque os agentes penitenciários precisavam acompanhar os detentos, e o número de funcionários era pequeno. Então, sua opção de leitura ficou limitada a um punhado de livros na ala de triagem.

Ele escolheu um suspense de Elizabeth George, mas notou que as últimas 40 páginas estavam faltando. "Nunca descobri quem era o culpado", disse.


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