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New York Times

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México quer estancar chegada de imigrantes

Por RANDAL C. ARCHIBOLD

TENOSIQUE, México - Durante anos a fronteira mexicana mais ostensivamente vigiada foi a do norte, que gerações de imigrantes mexicanos atravessaram em busca de emprego e refúgio nos EUA.

Mas a onda de imigrantes menores de idade vindos da América Central desviou as atenções para o sul, para a fronteira de 960 km que separa o México da Guatemala.

Enquanto a população mexicana, de modo geral, vê os migrantes com simpatia e critica a política imigratória dos EUA, as autoridades mexicanas estão sendo pressionadas pelos países vizinhos a lidar com o fluxo. Por essa razão, estão tomando medidas que alguns anos atrás teriam sido impensáveis.

O México intensificou a deportação de imigrantes. Anunciou planos de impedir as pessoas de embarcar em trens de carga que vão para o norte e vai abrir cinco novas estações de controle das fronteiras. "Nunca antes o México havia anunciado uma política oficial sobre as fronteiras", disse o secretário do Interior, Miguel Ángel Osorio Chong. "É o controle absoluto da fronteira sul."

Em discurso feito na fronteira, o presidente, Enrique Peña Nieto, destacou que México e Guatemala planejam um novo programa para trabalhadores com permissão de estadia temporária e um visto de trânsito válido para três dias.

O programa e o visto permitirão acesso a quatro Estados de fronteira, num esforço de garantir um "fluxo ordenado" de imigrantes, segundo o ministro do Interior.

Ele disse que o programa pode ser ampliado futuramente para abranger hondurenhos e salvadorenhos, que o controle tornará a imigração mais segura e que isso pesará mais que qualquer receio de atrair mais pessoas. Embora milhares de migrantes tenham chegado aos Estados Unidos, muitas vezes com a ajuda de traficantes de pessoas, as autoridades mexicanas estimam que metade dos que tentam não chegam até lá.

No ano passado o México deportou 89 mil centro-americanos, incluindo 9.000 menores de idade; segundo as autoridades, a maioria dos deportados veio de Honduras, Guatemala ou El Salvador. No ano fiscal que terminou em setembro passado, os EUA enviaram de volta 106.420 imigrantes desses países. Este ano o México já deportou mais de 30 mil centro-americanos.

Francisco Alba, estudioso da migração no Colégio de México, disse que a migração cria um problema: é quase impossível interromper o fluxo de migrantes, mas o país não tem como sustentar uma grande população de refugiados. "A tradição do México é não ter controles rígidos e adotar uma atitude relativamente tolerante, até certo ponto", comentou.

Mas agora o México pretende reforçar a segurança de suas fronteiras, com um plano de impedir pessoas de viajarem como clandestinas num trem de carga que viaja para o norte e é conhecido como "A Besta", por ser associado a acidentes e crimes violentos.

Defensores dos imigrantes temem que estes se vejam forçados a seguir rotas ainda mais perigosas ou pagar propinas maiores a agentes de imigração e policiais.

Para os ativistas, muito pouco está sendo feito pelas pessoas que fogem da violência em seus países de origem, mas não conseguem completar a viagem de 1.600 km de travessia do México em direção aos Estados Unidos.

O México reviu suas leis de imigração em 2010, depois do massacre de 72 imigrantes centro-americanos por uma quadrilha. Com a nova legislação, a estadia no país sem autorização passa a ser uma infração civil, não um crime.

Mesmo sem autorização oficial de estadia, muitos imigrantes encontram uma extensa rede de abrigos no México.

Ruth Maribel Flores, 28 anos, trouxe seu bebê de 2 meses, Genesis, de Honduras, fazendo a maior parte do trajeto de carro, depois de membros de uma quadrilha terem exigido a casa de sua família em Tegucigalpa. "Pouco a pouco, esperamos chegar até minha irmã no Tennessee", ela disse. "Mas por enquanto estamos ficando aqui e torcendo. Ouvimos dizer que o México pode ter um visto. Vamos tentar isso também."

"Nosso dinheiro acabou", contou o marido dela, Carlos González. "Nos roubaram na Guatemala -o doleiro, o funcionário da emigração, todo o mundo."

Dunia Ruiz saiu de Honduras com sua filha de 14 anos, viajando principalmente de carona. Ela decidiu partir depois de membros de uma gangue terem violentado uma prima jovem delas e porque ouviu, incorretamente, que os EUA estavam dando vistos a mulheres acompanhadas de crianças. Agora está em Tenosique e tem apenas um plano vago para viajar para o norte. Ela pretende pedir ao México um visto para ficar no país.

"Se eu pudesse ficar aqui e trabalhar, mesmo que por pouco tempo, faria isso", ela falou. "O mais importante foi sair de Honduras."


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