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New York Times

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Famosos nas mídias sociais migram da web para o palco

Celebridades on-line saem do porão para enfrentar seus fãs

Por BROOKS BARNES

Todos os 12,5 mil ingressos foram vendidos. Mais de 70 artistas se apresentaram em três palcos. Havia 150 seguranças para controlar a multidão frenética de garotas adolescentes. A Coca-Cola patrocinou a transmissão ao vivo do festival pela internet.

Seria a versão mais recente do Lollapalooza ou da Lilith Fair?

Nada disso. Foi a DigiFest NYC, parte de um nicho de entretenimento em alta no qual astros das mídias sociais -pessoas com um número enorme de seguidores no YouTube, Instagram e Vine- saem de trás das webcams em seus quartos. O festival, que foi realizado no estacionamento Citi Field no Queens no início de junho, foi encabeçado pelo Our2ndLife, ou O2L, um grupo de rapazes que ficou famoso por seus vídeos nos quais tentam equilibrar bolas de algodão na cabeça e tomam batidas de anchova com pimenta.

"A ideia é trazer a internet para a vida real", disse Meridith Valiando Rojas, cofundadora da DigiTour Media, uma start-up de Los Angeles que atraiu Ryan Seacrest, o apresentador de "American Idol", como investidor.

O crescimento desse nicho se tornou global e a DigiTour já tem até uma filial na Europa. Na primavera, um novo festival itinerante chamado YouTube FanFest vendeu milhares de ingressos a US$ 62 (R$ 136) cada em Cingapura, e realizou edições em Sydney e Mumbai. Devido à popularidade desse tipo de evento, a Live Nation Entertainment, megaempresa de eventos e venda de ingressos, está entrando no segmento.

"Isso faz todo o sentido diante do que está acontecendo na mídia", disse Seacrest. "Eventos ao vivo, YouTube, velhas mídias tentando se adaptar às novas."

Empresas de mídia tradicionais estão capitalizando o aumento de popularidade de personalidades do YouTube. Organizadores de shows apostam que milhões de cliques em vídeos reverterão em vendas de ingressos. A DigiTour Media vendeu 18 mil ingressos no ano passado e espera vender 100 mil neste ano e 250 mil em 2015.

As bases de fãs, formadas de maneira tradicional ou on-line, precisam ter seus desejos atendidos, mas muitas celebridades do YouTube não têm experiência em se apresentar diante de alguém, muito menos para milhares de pessoas. Em geral, elas fazem seus vídeos sozinhas em porões ou quintais caseiros.

"Eu temia que isso desandasse rapidamente", disse David Malloy, fundador do Teen Hoot, uma nova empresa de entretenimento no Tennessee. "Esses criadores, muitos dos quais famosos por seus vídeos de seis segundos no Vine, não podem apenas aparecer num evento e sorrir denotando constrangimento."

No entanto, os hormônios importam muito nessa nova atividade. Cerca de dois terços dos artistas da DigiFest NYC eram rapazes fortes e sedutores -como Cameron Dallas, 19, que tem 4,6 milhões de seguidores no Vine e 3,5 milhões de fãs no Instagram, principalmente por mostrar sua beleza. Sua participação no evento se resumiu a um bate-papo com o público. "Antigamente, era preciso ser cantor ou ator, mas com as mídias sociais de hoje é possível ficar famoso sendo apenas você mesmo", comentou Dallas.

Connor Franta, 21, membro da O2L que tem uma conta no Tumblr só para suas fotos sem camisa, disse que não esperava uma reação tão histérica. "Nós tivemos de esperar cinco a dez minutos para começar o show, pois as pessoas não paravam de gritar", comentou ele. "Fico chocado que alguém queira me conhecer. Costumo dizer que nosso talento é justamente a falta de talento."

Rojas, que dirige a DigiTour Media, de 11 funcionários, com seu marido, Chris Rojas, disse que contrata "artistas" com base em sua popularidade e em sugestões dadas pelos seguidores da empresa nas mídias sociais.

Rojas, 29, e o marido, 31, trabalharam na indústria fonográfica e fundaram a DigiTour Media há quatro anos. Quando os adolescentes passaram a gastar menos com música produzida profissionalmente e a prestar mais atenção em personalidades das mídias sociais, o casal percebeu que poderia ganhar dinheiro com eventos ao vivo relacionados a isso. "Como a garotada mudou seus hábitos de consumo, há um enorme orçamento disponível para experiências", explicou Rojas.

O ingresso para a DigiFest NYC custava US$ 35 (R$ 77), mas muitos pagaram US$ 100 para ter privilégios VIP. O pagamento para os participantes variou. Grupos menos conhecidos se apresentaram de graça. Alguns receberam reembolso pelas despesas de viagem. Outros receberam entre algumas centenas de dólares até mais de US$ 10 mil.

Belle Gonzalez, 15, comprou ingressos por um só motivo: paquerar astros do YouTube como Nick Tangorra, que é cantor, e Franta.

"Vê-los ao vivo é alucinante e eu não consigo parar de sorrir", disse ela.


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