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New York Times

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Lucy, a nova heroína do cineasta Luc Besson

Mulheres surpreendentes em histórias violentas

Por TOM ROSTON

O diretor francês Luc Besson achou que a mulher ao seu lado num jantar, anos atrás, era candidata a atriz. Mas ela estudava células cancerosas. Eles conversaram durante horas.

Ele recordou: "Quando você tem câncer, na realidade está morrendo de imortalidade, porque as células cancerosas não estão mortas. Eu quis aprender mais".

Besson, 55 anos, teve a ideia de criar "um filme interessante, com um ponto de vista filosófico" sobre a função das células cerebrais e o fato de que os humanos supostamente utilizam apenas 10% de sua capacidade cerebral (embora cientistas digam que usamos virtualmente nosso cérebro inteiro).

Assim nasceu "Lucy", que está sendo lançado mundialmente. A personagem-título, uma estudante americana (Scarlett Johansson) em Taiwan, vai parar num submundo de contrabandistas e passa de vítima apavorada a super-humana quando é exposta a uma droga nova que multiplica suas capacidades mentais.

A figura da mulher que desafia as expectativas, que inspirou a personagem-título de "Lucy", está presente em muitos dos filmes de Besson, especialmente a da mulher que se transforma em heroína incomum e protagoniza narrativas violentas. Houve uma criminosa que virou assassina a serviço do governo ("Nikita - Criada para Matar", 1990), uma garota espirituosa de 12 anos que se apaixona por um homem que tem uma planta de estimação ("O Profissional", de 1994), e uma alien que salva o universo ("O Quinto Elemento", de 1997).

Para ilustrar a evolução da personagem em "Lucy", Besson precisava começar com "uma garota que está indefesa, a pior situação que posso imaginar". Quando o efeito da droga sobre Lucy aumenta, ela começa a enxergar e controlar a realidade em nível subatômico. Para Scarlett Johansson, antes dessa transição, "Lucy poderia ser qualquer pessoa. Qualquer garota de 20 e tantos anos à procura de alguma coisa".

Besson disse que sempre ficou fascinado pela atração dos opostos: "Estou interessado em mostrar a força das mulheres e a fraqueza dos homens".

Suas heroínas têm raízes nas estrelas de cinema que ele admirava quando jovem, aquelas que, para ele, encarnavam "a feminilidade máxima, mas também eram fortes". Besson admirou sucessivamente Lauren Bacall, Audrey Hepburn e Mia Farrow. Seu primeiro filme a chamar a atenção, "Subway", de 1985, tinha Isabelle Adjani no papel da refinada esposa de um bandido. Besson disse que a personagem de Adjani era símbolo do estilo de vida burguês. "Eu era muito jovem", explicou. "É assim que você se sente nessa fase."

Na casa dos 20 anos, Besson teve um relacionamento com a atriz Anne Parillaud, que, diz, era misteriosa em relação a seu passado. Essa atitude o inspirou a criar para ela o papel da agente governamental Nikita. Ele disse que não teria dirigido o filme se o personagem tivesse sido um homem. "Clássico demais", explicou.

Ele escreveu seu filme seguinte, "O Profissional", para Jean Reno. "Quando estava trabalhando sobre a estrutura do filme, pensei no que arrancaria uma reação do personagem: cada tipo de animal, de pessoa, até uma planta. Fiquei com a planta e a garotinha."

Besson escreveu o rascunho daquele que se tornaria seu maior sucesso comercial, "O Quinto Elemento", quando tinha 16 anos. "Na época, os vilões sempre eram homens -homens feios que lutavam para matar todo o mundo. Pensei: 'O que seria surpreendente?'". Ele criou Leeloo, representada por Milla Jovovich, uma forma de vida pura que combate o mal. "Ela é jovem e é feliz. Isso é interessante."

Besson é cético em relação à aclamação recebida por suas personagens femininas. "Procuro ser equilibrado", explicou. "Trabalho as personagens femininas do mesmo modo como faço com os personagens homens. Fico feliz pelo fato de as pessoas se lembrarem das personagens femininas. Mas, e os homens?"


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