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México começa a barrar imigrantes rumo aos EUA

Por PAULINA VILLEGAS e RANDAL C. ARCHIBOLD

TIERRA BLANCA, México - Depois de atravessar da Guatemala para o México no mês passado, o grupo de imigrantes de Honduras viu a polícia vasculhar o trem conhecido como "A Fera", que, de maneira perigosa mas confiável, já transportou milhares de pessoas para o norte, amontoadas no topo e penduradas nos vagões de carga.

Então eles caminharam dez horas por dia durante vários dias, no meio de arbustos e seguindo a margem dos rios.

"Estávamos com fome, por isso pegamos uma laranja da árvore e os donos da casa começaram a atirar contra nós", disse José Antonio Alvarado, 22, descansando a 650 quilômetros da fronteira entre Guatemala e México, enquanto esperava o trem sair. Apenas alguns meses atrás, imigrantes como Alvarado cruzavam rapidamente a fronteira sul do México e subiam em trens que rumavam para o norte.

Mas, sob a pressão dos EUA e de países da América Central, o México tomou raras medidas para conter o fluxo de imigrantes, retirando-os dos trens, montando mais postos de controle e batidas nos locais onde eles se reúnem. Mesmo assim, as pessoas seguem decididas a subir no trem, mesmo que mais ao norte.

Mas a dificuldade crescente da caminhada -combinada com a alta temperatura, o ritmo acelerado da deportação e as advertências de que não receberão vistos nos EUA- pode explicar por que menos migrantes estão cruzando para o sudoeste dos EUA, com uma redução especial no número de crianças.

Em agosto, 3.141 crianças viajando sem os pais foram apreendidas na fronteira entre os EUA e o México, número 70% menor que o registrado em junho.

Entrevistas com imigrantes, trabalhadores de abrigos e autoridades centro-americanas sugerem que chegou à região a notícia de que a viagem está ficando mais difícil e que os imigrantes talvez não consigam passar pelo México, que deportou 38 mil centro-americanos este ano.

As autoridades disseram que mais de 6.000 pessoas foram retiradas de trens de carga nas últimas semanas e que em breve guardas terão veículos nos trilhos à frente dos trens para detectar quem tente embarcar.

Os trilhos serão renovados para permitir que os trens se movam mais depressa, o que poderá desencorajar as pessoas de saltar, e serão tomadas medidas para evitar sabotagens para deixar os trens mais lentos.

Humberto Mayans, a autoridade do Ministério do Interior que dirige a iniciativa de controle na fronteira sul, disse que as medidas foram tomadas para proteger os imigrantes.

Centenas se ferem ao cair do trem, ou foram violentados, roubados ou mortos por criminosos que atacam os clandestinos.

"É uma estratégia de respeito aos direitos humanos e proteção ao bem-estar dos migrantes", disse ele, em entrevista no rádio.

A estratégia inclui a exigência de visto para trabalhadores temporários e turistas da Guatemala, que devem ser estendidos para cidadãos de El Salvador e Honduras, como parte de um esforço maior para impor a ordem.

"Não importa o quão difícil seja o caminho para o norte, é sempre mais difícil voltar para casa", afirmou Alvarado, que descreveu uma vida sem trabalho e sob constantes ameaças de criminosos. "Então vou tentar chegar ao outro lado, seja como for."

No grupo de Alvarado, havia uma criança, um menino de oito anos chamado Carlos Alberto Cruz Menjivar, que viajava com Luis Alberto Cruz, que se identificou como pai de Carlos.

Cruz disse que viajava com o filho para mandá-lo ao Texas. Esperava que o menino pudesse se reunir com a mãe, que estava em Nova York há cinco anos.

Ele procurava no chão moedas perdidas para comprar comida, à espera do próximo trem.


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