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New York Times

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Boto vaquita corre risco de extinção

Por ELISABETH MALKIN

SAN FELIPE, México - SAN FELIPE, México - É rara a ocasião em que cientistas são capazes de identificar um animal à beira da extinção e prever quando ele poderá desaparecer. Mas está acontecendo aqui, sob as águas de um mar cercado pelo deserto, onde um pequeno boto praticamente sumiu.

Ninguém imaginava que o fim chegaria tão rápido. O que mudou foi o surgimento de uma nova ameaça ao boto de nariz empinado conhecido como vaquita: o crime organizado.

A tímida vaquita, menor mamífero marinho do mundo, representa apenas um dano colateral, já que os pescadores estão devastando outra espécie ameaçada de extinção, um peixe chamado totoaba, para agradar os consumidores na China. As vaquitas acabam enroscadas e morrem nas redes armadas para a totoaba.

A exemplo da demanda chinesa por outras partes raras de animais, como barbatanas de tubarões, o mercado da totoaba é impulsionado por clientes que pagam grandes quantias, neste caso, por sua bexiga natatória. Desidratada e servida na sopa, acredita-se que tenha poderes medicinais. O quilo da bexiga natatória pode custar até US$ 10 mil aqui.

Até então, os pescadores de camarões eram o foco dos esforços para proteger a vaquita no norte do golfo da Califórnia. Suas longas redes de emalhar balançam como cortinas na corrente marítima e são letais para esse boto.

O efeito da pesca da totoaba sobre a vaquita chocou os ambientalistas. Um estudo publicado em julho revelou que metade da população da espécie foi morta em dois anos, deixando apenas 97 vaquitas. Os números levaram um grupo de especialistas em vaquitas, mexicanos e estrangeiros, a divulgar um alerta dramático. Segundo o grupo, essa espécie desaparecerá em quatro anos se não forem tomadas medidas drásticas.

"É definitivamente a última chance dessa espécie", disse Barbara Taylor, cientista do grupo. A única maneira de recuperar a vaquita, de acordo com os especialistas, seria acabar com o comércio ilegal da totoaba e impor novas e severas restrições à pesca de camarão. "Será difícil", disse Taylor. "Esses caras que estão ganhando milhões de dólares com o tráfico de espécies em extinção não vão embora calados."

Nem os pescadores de camarão. "Eles estão mais interessados na vaquita do que nos seres humanos", disse Raúl Gutiérrez, pescador da cidade, em referência aos ambientalistas.

Autoridades do México dizem que estão levando a sério as recomendações do comitê, enviando lanchas da Marinha, dois pequenos aviões e até mesmo drones para fazer a vigilância.

A fiscalização pode atingir os pescadores de camarão, quando as autoridades começarem a aplicar as normas sobre o comprimento das redes. Carlos Alberto Tirado, líder de uma das cooperativas pesqueiras na pequena cidade de El Golfo de Santa Clara, disse que a recomendação científica de proibir todas as redes de emalhar em uma ampla área no norte do Golfo acabará com essa atividade econômica.

O governo já gastou cerca de US$ 55 milhões desde 2007 para proteger a vaquita, e muitos pescadores duvidam que novas medidas surtam algum efeito.

José Luis Romero, ao contrário da maioria dos pescadores em San Felipe, acredita que vale a pena salvar a vaquita. "Será uma vergonha se ela desaparecer devido à nossa negligência."


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