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New York Times

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Classe média russa estimula crescimento dos shoppings

Por ANDREW E. KRAMER

MOSCOU - Os consumidores que não se contentarem com as 250 lojas podem patinar no gelo, ver filmes ou até girar em um carrossel, tudo sob o mesmo teto.

"Eu sinto como se estivesse na Disney", comentou recentemente Vartyan E. Sarkisov, exibindo uma sacola Adidas enquanto circulava pelo shopping Mega Belaya Dacha, próximo de Moscou.

Em vez das filas para comprar pão, hoje em dia a Rússia é conhecida pelos shopping centers. Esses negócios atraem investimentos de fundos de Estados soberanos e de bancos de Wall Street. Há pouco tempo, o Morgan Stanley pagou US$ 1,1 bilhão por um shopping center em São Petersburgo.

Erguido em uma plantação de pepinos nas cercanias de Moscou, o shopping Vegas, segundo seus proprietários, ficou maior que o Mall of America em Minneapolis -se o parque de diversões de 30 mil m2 do shopping americano de 390 mil m2 não entrar no cálculo da área ocupada.

Moscou, a nova capital dos shoppings, tem mais metragem quadrada em centros comerciais -3,15 milhões de m2- do que qualquer outra cidade europeia. Um novo recorde será batido em breve. O Avia Park, no noroeste de Moscou, terá 464.500 m2 de espaço interno, incluindo um estacionamento coberto, o que lhe dará o posto de maior shopping do mundo fora da Ásia.

Outro shopping russo pode se gabar de uma vitória: o Mega Tyoply Stan atraiu 57 milhões de visitantes em sua alta temporada em 2007, ou seja, muito mais que os 40 milhões de visitantes anuais registrados pelo Mall of America.

Enquanto muitos shoppings nos Estados Unidos estão antiquados e com numerosas lojas desocupadas, os da Rússia só agora passam por um "boom" impulsionado pelas exportações de petróleo, que também estão aumentando os salários da população.

"A Rússia está revivendo o ano de 1982", disse Lee Timmins, representante no país da Hines, incorporadora do Texas que está abrindo três shoppings na Rússia, fazendo referência ao auge da experiência americana nesse setor.

As multidões crescentes nos shoppings e o grande interesse de bancos de Wall Street por shoppings russos são sinais de que a emergente classe média, que foi às ruas protestar contra Vladimir Putin em Moscou no ano passado, está se tornando influente tanto nos negócios quanto na política.

"Nos últimos dez anos, a Rússia tornou-se um país de classe média", afirmou Charles Slater, analista da Cushman & Wakefield, imobiliária global que atua no segmento comercial. "O que pode ser melhor do que ir a um ambiente quente e seguro com muitas coisas disponíveis, como boliche, cinema e praças de alimentação, enfim, coisas com que os consumidores não estavam habituados?"

Atualmente, Moscou tem 82 shoppings, incluindo dois dos maiores da Europa. Ambos pertencem à Ikea Shopping Centers Russia, filial da conhecida marca sueca de franquia de móveis, que administra 14 shoppings aqui.

Na Rússia, shoppings ainda são uma novidade. O primeiro centro comercial suburbano em estilo ocidental foi aberto em 2000. Agora eles estão mudando de mãos: as incorporadoras os vendem para investidores institucionais, o que está desvendando pela primeira vez seus altos valores. Segundo profissionais do setor imobiliário, o Morgan Stanley está em negociação para comprar o shopping Metropolis, em Moscou, por mais de US$ 1,2 bilhão.

Os grandes atrativos para os investidores são a crescente renda disponível dos russos e políticas favoráveis à classe média, mas o temor é que a rejeição ao governo do presidente Putin se intensifique. A Rússia tem uma taxa de 13% de imposto de renda. Como a maioria da população tem casa própria, um legado das privatizações pós-União Soviética, os russos não pagam hipoteca nem aluguel. A assistência à saúde é socializada.

Portanto, não surpreende que eles tenham se tornado consumidores fervorosos. A empresa de consultoria imobiliária Jones Lang LaSalle afirma que os russos gastam 60% de sua renda, fora os impostos, em compras no varejo, categoria que inclui alimentos. O país em segundo lugar na Europa é a Suécia, onde as compras no varejo perfazem 40% do total de gastos privados. Em comparação, os alemães gastam 28% de seus salários, segundo a Jones Lang LaSalle.

Como é de se esperar, um megashopping construído para o público russo difere sutilmente do ambiente urbano idealizado que os americanos preferem.

A maioria dos shoppings russos tem um enorme supermercado, não uma loja de departamentos. Isso porque os russos ainda têm dificuldade para encontrar mercearias em seus bairros.

Assim, a visão de uma sucessão de prateleiras com mantimentos erguendo-se até o teto certamente atenua a velha angústia das mulheres russas, que, até duas décadas atrás, eram obrigadas a servir aos filhos itens como alga marinha enlatada e leite em pó.


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