Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

New York Times

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Ensaio - David Leonhardt

O desafio de conciliar prosperidade e proteção ambiental

Sempre houve um quê de exagero nos empregos "verdes". O setor da energia alternativa pode no futuro empregar milhões, mas elevar o custo da energia consumida diariamente por empresas e lares não é exatamente a receita para um boom econômico. O argumento mais forte por uma ampla resposta governamental à mudança climática é o argumento mais óbvio: a mudança climática. O território continental dos EUA teve em 2012 o ano mais quente já registrado. Os 13 anos mais quentes do planeta ocorreram todos a partir de 1998. Grandes tempestades e incêndios florestais estão aumentando em várias regiões. Em grande parte da China, o ar parece uma sopa. Os mares estão subindo mais do que se previa há poucos anos, e os custos dos fenômenos climáticos extremos também aumentam.

O governo dos EUA precisa tomar grandes decisões acerca da política climática. Uma delas é como fazer a maior redução possível nas emissões de carbono por meio de ações do Poder Executivo, já que dificilmente o Congresso aprovará qualquer lei significativa. Outra é repensar a economia da política climática agora que o entusiasmo inicial com os empregos "verdes" desapareceu.

A energia alternativa pode não ser uma solução para os nossos problemas econômicos. O presidente Barack Obama tem várias opções nessa área -algumas podem, na verdade, ser nocivas, e outras podem acarretar benefícios econômicos iguais aos seus custos.

A decisão mais complicada para Obama será a de ressuscitar (ou não) uma versão do principal item da frustrada ofensiva climática dos democratas em 2009: um programa de limites e de créditos para as emissões de carbono por empresas. Uma empresa que encontrar formas baratas de reduzir suas emissões poderá vender o que restar da sua cota para outras empresas, as quais, do contrário, precisariam gastar enormes quantias para reduzir suas emissões. Isso reduz preços para todos.

Obama tem poucas chances de criar um programa que funcione para toda a economia, já que os republicanos são contra. Mas ele pode criar uma versão reduzida para usinas elétricas -o que não é pouca coisa, já que elas geram cerca de um terço do carbono emitido nos EUA.

Para os economistas, as melhores políticas climáticas são as que permitem que incentivos do mercado funcionem e as mais nocivas as que tem muitas regulamentações.

"Dizer às companhias que elas precisam instalar este ou aquele equipamento é a forma mais cara de proceder", diz Michael Greenstone, economista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e ex-assessor do governo Obama. "Em vez de uma solução de tamanho único, você deveria permitir que as empresas encontrassem a solução menos custosa."

Exigir que todas as usinas elétricas usem turbinas com uma eficiência mínima, por exemplo, provavelmente imporá grandes custos a algumas delas. Talvez as usinas sejam projetadas de forma a poder usar suas velhas turbinas e reduzir as emissões de outra forma. Uma regulamentação pode obrigá-las a elevar os preços ao consumidor acima do que seria necessário para obter o mesmo benefício climático.

Além de um sistema baseado no mercado, o financiamento para a pesquisa é a segunda forma pela qual Washington pode tentar desacelerar a mudança climática sem prejudicar o crescimento econômico. O governo federal vai gastar, neste ano, US$ 3,8 bilhões em pesquisa e em desenvolvimento de energias limpas, segundo o Instituto Brookings, de Washington.

É uma quantia pequena em relação aos US$ 30 bilhões para a pesquisa médica ou os US$ 15 bilhões dos subsídios agrícolas, para não falar dos US$ 800 bilhões da Seguridade Social. Um relatório multi-ideológico recomendou US$ 25 bilhões adicionais para a energia alternativa. É claro que essa verba adicional tem a mesma chance de aprovação parlamentar que o imposto sobre o carbono. A esperança mais realista, segundo cientistas e economistas, é que o governo gaste de forma mais eficaz o dinheiro existente.

Um pequeno programa do Departamento de Energia, chamado Agência de Pesquisas Avançadas em Projetos Energéticos (Arpa-e, inspirada no Darpa, laboratório de pesquisas do Pentágono que criou a internet), deveria ser um modelo, dizem Greenstone e outros. O programa financia pesquisas de alto risco, que dificilmente seriam bancadas pelo setor privado.

Adotar uma energia mais limpa e cara não é garantia de um planeta mais próspero e saudável. Mas também não precisa resultar em estagnação.

No fim das contas, o argumento econômico mais forte em prol de uma resposta agressiva contra a mudança climática é o fato de que a economia não vai funcionar muito bem em um mundo cheio de secas, furacões e ondas de calor.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página