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Portugal enxerga a longo prazo no plantio de cortiça

Por STANLEY REED

ESTREMOZ, Portugal - Os sobreiros são o coração de uma paisagem, no centro e no sul de Portugal, que foi amplamente adaptada pelos humanos, mas que continua sendo uma maravilha ecológica.

"O ecossistema dos sobreiros tem uma alta biodiversidade de plantas e fauna -a maior da Europa e uma das maiores do mundo", disse Luisa Ferreira Nunes, professora de agronomia florestal do Instituto Politécnico de Castelo Branco, em Portugal.

Há séculos, os sobreiros são cultivados no sul da Europa e no norte da África por causa da sua casca espessa e esponjosa -a cortiça. Os sobreiros são adaptados ao clima seco e quente. Eles criam um habitat rico num lugar que, de outra forma, seria quase um deserto. Essas florestas meridionais parecem austeras, mas têm milhares de espécies vegetais, incluindo orquídeas e aves exóticas.

As árvores também geram empregos bem remunerados. A cada dez anos, mateiros arrancam com machadinhas as camadas externas das cascas. Os troncos avermelhados ficam nus, mas, se o trabalho for bem feito, a casca volta a crescer para poder ser novamente colhida dentro de uma década.

Philip Mollet, que administra a fazenda de cortiça de 540 hectares da sua família, contrata um grupo a cada verão para descascar cerca de 10% das suas árvores, produzindo 41 toneladas de cortiça.

A crise financeira global abalou o setor, assim como a difusão das tampas rosqueáveis e das rolhas de plástico para selar garrafas de vinho, o que ainda é o principal uso da cortiça.

Richard Halstead, da empresa de pesquisas Wine Intelligence, de Londres, estima que a cortiça tenha perdido 20% da sua participação no mercado na última década e que atualmente seja usada para tampar 60% das 17 bilhões de garrafas de vinho produzidas por ano no mundo.

A redução na demanda, disse Mollet, contribuiu para que o preço da cortiça caísse quase pela metade na última década.

No último verão em Portugal, o clima estava tão quente e tão seco que Mollet parou a produção, porque a casca interna estava saindo, o que danificaria as árvores. Ele atribui a secura à mudança climática e à plantação nos arredores de eucaliptos, uma árvore não nativa, que suga a água.

Para produzir cortiça, é preciso enxergar longe.

Árvores recém-plantadas precisam de pelo menos 25 anos até poderem ter a casca colhida pela primeira vez.

Os sobreiros são protegidos aqui em Portugal, cujas exportações de cortiça representam cerca de 60% do comércio mundial. Depois dos níveis deprimidos registrados durante a crise financeira, as vendas recuperaram-se para mais de € 800 milhões.


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