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New York Times

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Hollywood acolhe cineastas sul-coreanos

Por MIKE HALE

Desde a chegada do cinema aos EUA, há estrangeiros dirigindo filmes no país, numa simbiose que garante liberdade, dinheiro e/ou exposição para os visitantes e prestígio e infusões de credibilidade para a indústria cinematográfica americana.

Agora, um novo grupo está chegando às telas dos EUA: os sul-coreanos, representando um celebrado cinema nacional que ainda não havia tido muito contato com Hollywood. Os cineastas Park Chan-wook, Kim Ji-woon e Bong Joon-ho foram procurados nos últimos anos por produtores americanos e agora acabam de lançar seus primeiros filmes em inglês.

"Achei que foi muita coincidência", disse Park, diretor de "Segredos de Sangue", sombria história de amadurecimento estrelada por Mia Wasikowska, Matthew Goode e Nicole Kidman. Para ele, os diretores levaram um tempo semelhante até atraírem a atenção de Hollywood, conquistarem a confiança dos estúdios e ponderarem sobre as propostas que receberam. Por isso, os lançamentos ocorrem quase simultaneamente.

"Segredos de Sangue", que estreou na sexta-feira nos EUA e chega até agosto ao resto do circuito mundial, segue os passos de "O Último Desafio", filme de Kim que marcou a volta de Arnold Schwarzenegger ao cinema e que saiu nos EUA em janeiro -o lançamento mundial está programado para maio.

"Snowpiercer", de Bong, uma fantasia inspirada em uma história em quadrinhos, com Chris Evans no papel principal, tem por enquanto estreia programada para agosto na Rússia e na Dinamarca.

A colonização sul-coreana da cultura pop mundial já está bem estabelecida, por meio de novelas, de bandas e do clipe "Gangnam Style". Os filmes do país, no entanto, continuaram sendo um gosto mais especializado. Bong, Kim e Park, três dos mais conhecidos e premiados cineastas do país, são muito respeitados no circuito internacional de festivais e já foram temas de retrospectivas em cinematecas e salas especiais de Nova York. Mas eles também têm muitos fãs em Hollywood porque seu estilo e comedimento acompanham um gosto por enredos viscerais, e muitas vezes sangrentos, em categorias populares, como os filmes de terror e policiais.

"Segredos...", escrito pelo ator americano Wentworth Miller (da série televisiva "Prison Break"), parte da premissa do grande thriller "A Sombra de Uma Dúvida", de Alfred Hitchcock. Um parente carismático, chamado nos dois filmes de tio Charlie, faz uma visita e encanta sua jovem e entediada sobrinha. É claro que Charlie não é tão bacana quanto parece. A diferença em "Segredos..." é que as peculiaridades da sobrinha podem ser tão pronunciadas quanto as do tio.

Park já havia citado Hitchcock como inspiração primária para uma carreira que fez dele um dos mais celebrados cineastas sul-coreanos, com destaque para a "trilogia da vingança", composta por "Mr. Vingança", "Oldboy" e "Lady Vingança". Mas ele minimizou a importância dessa relação na sua decisão de fazer "Segredos de Sangue".

"Não optei por fazê-lo porque ele tinha essa conexão com Hitchcock, mas apesar dessas conexões", disse ele. "Tentei não ser consciente de quanta influência de Hitchcock havia."

Atores e técnicos ficaram impressionados com métodos semelhantes aos de Hitchcock, como a atenção meticulosa a detalhes de cor e de design.

"Ele fez o filme já na sua cabeça, no seu cérebro", disse o ator britânico Matthew Goode, que interpreta Charlie. "Ele predeterminou muita coisa, até que as paredes da casa precisavam de uma cor específica de casca de ovo."

Enquanto os ocidentais adaptavam-se ao seu estilo, Park, acostumado a ter sempre os mesmos atores e técnicos na Coreia do Sul, adaptava-se a trabalhar com novas pessoas em uma língua que ele não dominava.

Com a ajuda de um intérprete, Park minimizou as diferenças entre trabalhar nos dois países. "Eu diria que não há tanta diferença. Essa tem sido a reação entre pessoas que viram [o filme]. Gostem ou não, todos concordam que parece bastante um filme de Park Chan-wook."


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