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Humor, mentiras e videoteipe

Três casos da semana: charges ganham capa, notícia falsa sobre árabe e vídeo alterado na TV

Quebrando uma regra não escrita, a Folha publicou, na semana passada, duas charges na "Primeira Página". O tema de ambas, como se vê acima, era a maioridade penal.

O jornal só costumava colocar charges na capa quando elas "chamavam" para reportagens nas páginas internas. No primeiro dia de 2012, por exemplo, havia uma grande ilustração do Angeli, mas que era parte de uma enquete sobre o que os artistas querem para o futuro.

Mesmo assim, os desenhos são presença rara na capa. De 2010 a 2012, saíram apenas 14, o que dá uma média de 1 a cada 78 dias. Charges como as da semana passada -sem ligação necessária com o noticiário e que tocam em temas espinhosos- são novidade. É uma questão de tradição: o "Globo" publica há anos uma charge diária na "Primeira Página".

Segundo a Secretaria de Redação, a ideia agora é dar aos chargistas destaque semelhante ao reservado aos colunistas.

A iniciativa faz sentido se pensarmos no time de feras que a Folha tem: Angeli, Jean, Laerte, Benett, Gonsales... Só que todo cuidado é pouco. A charge é uma forma extremamente eloquente de dar opinião. Ao destacar um desenho, o jornal pode passar a impressão de que chancela a crítica embutida ali, o que nem sempre é verdade.

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Sabe aquele hit dos anos 90, do Right Said Fred, que dizia "I'm too sexy for my love... I'm too sexy for Milan, New York and Japan"? Uma versão dele apareceu em formato de notícia em sites do mundo todo, inclusive no da Folha.

Três homens "bonitos demais" teriam sido expulsos da Arábia Saudita. Omar Borkan Al Gala, o único identificado, teria sido preso pela polícia religiosa durante um festival cultural por "distrair" as mulheres.

Parece que a história nasceu em um blog árabe, foi parar nos jornais on-line de língua inglesa e dali se espalhou, sem checagem.

Na verdade, Omar foi advertido por estar dançando de forma "inapropriada". Não foi preso, muito menos expatriado. O bonitão, que se define como "fotógrafo, poeta e modelo", não desmentiu o boato, mas aproveitou a fama. Seus seguidores no Facebook chegaram a 818 mil.

A "barriga" (publicação de notícia falsa) foi descoberta pelo islawmix.org, site ligado à Universidade Harvard que comenta notícias sobre o mundo árabe. O site atribui a propagação do caso a uma visão estereotipada que o Ocidente tem dos países islâmicos. O "F5", site de entretenimento da Folha, deu a história do bonitão em abril. Na quarta-feira passada, em vez de dar uma correção, trouxe o desmentido sob a vinheta "polêmica". Não há polêmica nenhuma aí, só um momento de mau jornalismo.

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O destaque do "TV Folha" do domingo passado foi o vídeo de um latrocínio em Moema. No início, os PMs deixam a vítima no chão, como prevê a norma que proíbe mexer em feridos, mas, ao descobrirem que se tratava de um policial reformado, mudam de atitude e levam o homem para o hospital.

A filmagem, obtida com exclusividade, foi feita por uma câmera de um prédio. No programa da Folha, exibido aos domingos na TV Cultura e disponível na internet, dá para ouvir os tiros dados pelo ladrão.

Só que o vídeo não tinha som, como informou o jornal no dia seguinte. Para dar dramaticidade às cenas, o programa sonorizou as imagens. Isso equivaleria, no impresso, a adulterar uma fotografia, algo que a Folha não faz.

É um erro grave de procedimento. "O programa não altera vídeos e errou ao incluir os ruídos de tiros. Uma correção irá ao ar hoje", diz João Wainer, diretor do programa.

Os recursos da TV são tentadores, principalmente para quem está acostumado a trabalhar só com texto e foto, mas não dá para atravessar a linha que separa real e ficção.


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