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O certo e o duvidoso

Plano de cem metas de Haddad é mais focalizado que o de Kassab, mas falta priorizar o que pode ser feito com verbas já asseguradas

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), apresentou o programa de metas para sua gestão, como dele exige a legislação municipal. Se comparado com o de Gilberto Kassab (PSD), trata-se de um programa bem mais enxuto -o que não o torna facilmente executável, entretanto.

Um dos maiores desafios de Haddad consiste em obter os recursos necessários para atingir as metas fixadas. De acordo com o prefeito, o plano sairá do papel por nada menos do que R$ 23 bilhões, ou seja, quase R$ 6 bilhões a cada ano de sua administração.

O montante, embora não seja impraticável, representa quase o dobro da capacidade atual de investimento da prefeitura. Para alcançá-lo, Haddad precisará contar com fundos de programas do governo federal, além de parcerias com o governo do Estado e com a iniciativa privada. Também será fundamental renegociar a asfixiante dívida do município.

Talvez pela dificuldade financeira, o petista pareceu preocupado em vacinar-se contra cobranças futuras. Afirmou que o cumprimento parcial de alguma meta deve ser considerado, e não descartado como fracasso.

Kassab, ao final de seu mandato, fez raciocínio análogo. O ex-prefeito, que cumpriu de modo integral apenas 55% (123) de suas 223 metas, anunciou um "índice de eficiência" de 81%. Para tanto, ponderou percentuais de execução; como 25% de seus objetivos foram totalmente descumpridos, o cálculo soou duvidoso.

Rescaldado pela experiência do antecessor, Haddad listou apenas cem objetivos em seu plano. Na campanha eleitoral, prodigalizara 728 promessas.

Um programa de metas não precisa -aliás, não deve- incluir tudo o que será feito pela prefeitura. Seu papel é indicar prioridades para acompanhamento. Além disso, alguns objetivos de Haddad são mais ousados que os de Kassab -por exemplo, 150 km de corredores de ônibus contra 66 km.

Fica, porém, a sensação de que o petista se preocupa em demasia com cobranças futuras e de que prometeu muito mais do que pensa poder cumprir. Note-se que ficaram de fora da lista promessas de campanha importantes para a cidade, como repasses ao Metrô e reforma de corredores de ônibus.

O plano de metas constitui um avanço em matéria de acompanhamento e controle da gestão, que se tornou lei só em 2008. Para merecer tal nome, o prefeito deveria ter hierarquizado e separado aquilo que pode realizar com os recursos disponíveis do que depende de verbas e receitas incertas. Essa inovação Haddad, o "homem novo", fica devendo para São Paulo.


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