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Opinião

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As obras dos Brics

Grupo dá sinais de progresso em cúpula recém-encerrada, mas interesses distintos dividem o bloco e diminuem sua influência internacional

Os Brics só podem superar suas diferenças caso sejam capazes de criar instituições que unifiquem suas visões a respeito de pelo menos algum aspecto dos problemas internacionais e que sirvam de meio para exercer influência global.

A recém-encerrada cúpula dos Brics na África do Sul reforçou a ideia de que os membros do grupo (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) pretendem ser mais que uma frouxa frente de oposição ao poder euroamericano. Não se trata de um progresso desprezível.

Os Brics decidiram criar um banco de desenvolvimento para financiar a infraestrutura no mundo em desenvolvimento e vão debater um fundo de socorro para países em meio a crises financeiras.

Ou seja, almejam desenvolver instituições que seriam sombras do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, criados ao final da Segunda Guerra Mundial com o objetivo de regular e financiar a integração dos países ricos sob a hegemonia americana.

No entanto, as novas instituições não são necessidades prementes dos Brics, tal como o foram FMI e Banco Mundial. Além do mais, o grupo não chegou a um acordo sobre a direção do banco.

Para a China, ele deveria olhar para a África. Instituição multilateral, ocultaria em parte a cada vez maior influência do país no continente e serviria para desviar crescentes críticas africanas ao "imperialismo chinês".

O Brasil parece não ter clareza de seus objetivos. Pretende receber algum investimento, emprestar mais recursos a países da América do Sul e reforçar sua incipiente investida na África, continente também prioritário para os indianos.

Por ora, o desenvolvimento da infraestrutura de uma fonte de recursos naturais, a África, seria o foco de atenção da nova instituição. Poder de decisão no banco significa, pois, mais influência no continente. Tais interesses explicam a presença da pequena economia sul-africana entre os Brics.

Decerto uma instituição com princípios diferentes daqueles do Banco Mundial poderia alterar um tanto a balança de poder e os debates de política econômica internacional. Tão importante seria um fundo financeiro alternativo ao FMI, mas ele é ainda mais embrionário e de constituição mais complexa que o novo banco -que, vale dizer, nem sede certa ainda tem, tal a divisão dos Brics a respeito.

Democracia, interesses econômicos e poder na ONU dividem os Brics -diluindo, portanto, seu poder de influência. Sem instrumentos de atuação conjunta, tais como instituições econômicas multilaterais, tendem, como grupo, a ter prestígio apenas retórico na diplomacia mundial.


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