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Opinião

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Vinicius Mota

Dos serviçais aos serviços

SÃO PAULO - Desigualdade e ineficiência andam juntas no setor terciário da economia, o dos serviços. Mão de obra farta e desqualificada inibe a racionalização de atividades. É mais barato contratar dez pessoas para fazer o que uma, num ambiente modernizado, poderia produzir.

A exploração do trabalho em países muito desiguais também promove situações aviltantes, coloniais. Um diplomata brasileiro quis saber onde ficava o quarto dos empregados no apartamento que desejava alugar em Nova Déli, na Índia. Disseram-lhe que não havia, pois os serviçais dormiam nas escadarias do edifício.

Quando a desigualdade diminui, com o salário na larga base da pirâmide social crescendo mais depressa, despontam vetores favoráveis aos ganhos de eficiência e de dignidade no trabalho. O Brasil de hoje passa por uma transição desse tipo.

O caso das domésticas é emblemático, mas não é único. Por que precisamos de cobradores de ônibus com os sistemas automatizados do transporte urbano? Ou de frentistas nos postos, onde o usuário pode abastecer seu próprio carro e pagar a conta num guichê central?

A organização corporativista do trabalho nos portos torna-se também dispendiosa. A construção civil está desafiada a automatizar e racionalizar parte da atividade. Ressalta-se a ineficiência de serviços públicos diretos, como a gestão caótica dos alvarás, e concedidos, caso dos cartórios.

Esse movimento passa a confrontar em diversas frentes a arquitetura protecionista das relações de trabalho no Brasil. Nações que atravessaram com êxito essa etapa do desenvolvimento concentraram a proteção ao trabalhador no seguro-desemprego e na Previdência Social.

Diminuíram, em contrapartida, as amarras legais e os custos para contratar e demitir pessoas. Resta saber como um governo composto por sindicalistas vai reagir a esse desafio histórico.


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