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Opinião

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Cantilena chavista

Impossibilitado de responsabilizar qualquer "herança maldita" após 14 anos de chavismo, o presidente interino Nicolás Maduro recorre à tática de atribuir a inflação alta e o sumiço de alimentos das prateleiras dos supermercados a uma guerra econômica movida por inimigos internos e externos.

Em entrevista a Mônica Bergamo publicada nesta Folha, o favorito para a eleição presidencial do próximo domingo disse que "interesses econômicos nacionais e internacionais" se aproveitaram da doença de Hugo Chávez, morto em março, para desabastecer o país de produtos e especular com os preços e com o valor do dólar.

Em realidade, os problemas dessa economia de produto único (petróleo) antecedem a moléstia de Chávez. Em 2007, com o caudilho a pleno vapor, as filas para comprar leite em pó duravam horas.

Já o mercado paralelo de divisas, que continua fora de controle após duas desvalorizações recentes da moeda, resulta da tentativa de manter rígido controle sobre o câmbio. Hoje, um dólar, fixado a 6,3 bolívares fortes no câmbio oficial, chega a valer 23 nas ruas.

O maior símbolo do populismo chavista na economia é a gasolina mais barata do mundo. O preço de R$ 0,02 por litro só se sustenta com subsídios, que chegam a 7% do PIB, e incentiva o contrabando para o Brasil e a Colômbia.

A temeridade perdurou mesmo após a crise financeira de 2008, quando os dividendos do petróleo se desaceleraram. A alternativa foi buscar financiamento na China, sedenta por combustível e pródiga em empréstimos. Em apenas quatro anos, a dívida chegou a US$ 36 bilhões e compromete cerca de 12% da produção petroleira.

Tal dependência começa a dar sinais de esgotamento. Os chineses receiam emprestar mais dinheiro, na dúvida quanto à capacidade da sucateada PDVSA de entregar o petróleo contratado.

O chavismo comandou a nacionalização desenfreada de vários setores, com péssimos resultados. Está à vista a decadência de Ciudad Guayana, mais importante polo industrial não petroleiro do país, cuja produção despencou após cinco anos sob gestão bolivariana.

O maior beneficiário da enfermidade de Chávez é a campanha infantilizada de Maduro. Na falta de propostas críveis, ele propaga tolices como a aparição de seu mestre em forma de passarinho --talvez para segredar que só um milagre pode tirar o país do atoleiro.


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