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Opinião

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Carlos Heitor Cony

Nós nos veremos outra vez?

RIO DE JANEIRO - Num filme de Stanley Kubrick de 1964 ("Dr. Fantástico"), um coronel paranoico ordena um ataque nuclear à antiga União Soviética. Os superiores do militar descobrem a trama e dão a contraordem, mandando os aviões regressarem às suas bases. Uma superfortaleza está com o rádio avariado e não recebe a nova mensagem, vai em frente e lança uma bomba atômica numa instalação militar soviética. O filme termina com um balé de explosões atômicas no mundo todo, é o fim da civilização, mas a canção final é uma esperança: "We'll Meet Again".

Na crise dos mísseis dos anos 60, quando a realidade de um apocalipse chegou aos minutos finais, Kennedy e Khruschov estavam decididos ao ataque nuclear, os russos com mísseis instalados em Cuba, os americanos com mísseis na Turquia. Os dois não chegavam a um acordo, até que Kennedy, antecipando-se ao filme de Kubrick, convenceu seu Estado-Maior a impedir a guerra, na base de "um idiota qualquer pode invadir o espaço aéreo da União Soviética e teremos a retaliação do Kremlin".

Contrariando seus assessores militares e o Pentágono inteiro, Kennedy aceitou o acordo de Khruschov, mandando retirar os mísseis da Turquia. Nunca a paz mundial sofreu crise igual, por um triz a civilização humana seria destruída por um episódio de guerra quente interrompendo a Guerra Fria das duas superpotências.

A Coreia do Norte ainda não é superpotência, mas está se esfor-çando para isso. Os Estados Unidos não deverão repetir a invasão do Iraque para destruir um arsenal inexistente. Um curto-circuito na rede de informações e um mal-en- tendido diplomático podem, no entanto, provocar um "idiota" qualquer que não entenderá a situação. E aí a esperança é a mesma do filme de Stanley Kubrick: "Nós nos veremos outra vez"?


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